<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=258 mm><FIOH=2 pt><MF=27 mm><PF=40 mm><LF=164 mm>ATA DA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 26.02.1997.

 


Aos vinte e seis dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e sete, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a presente Sessão, compareceram os Vereadores Clênia Maranhão, Fernando Záchia, João Motta, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quarta Sessão Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 25/97, do Juiz Federal Dirceu de Almeida Soares; 50/97, do Gabinete do Ministro da Fazenda; 70/97, do Senhor Flávio Geraldo Petró, Assistente Geral do Escritório de Negócios Porto Alegre - Centro da Caixa Econômica Federal; s/nº, do Vereador Olicio Port, Presidente da Câmara Municipal de Canela/RS. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 02 Pedidos de Providências, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/97 (Processo nº 593/97) e 02 Projetos de Lei do Legislativo nºs 11 e 12/97 (Processos nºs 572 e 573/97, respectivamente); pelo Vereador Antônio Losada, 01 Pedido de Informações nº 15/97 (Processo nº 666/97); pelo Vereador José Valdir, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 08/97 (Processo nº 484/97); pelo Vereador Lauro Hagemann, 02 Pedido de Informações nºs 16 e 17/97 (Processos nºs 668 e 669/97, respectivamente); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências; e pela Vereadora Sônia Santos, 01 Pedido de Providências. Ainda, o Senhor Presidente deferiu Requerimento do Vereador Luiz Braz, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 130/95 (Processo nº 2345/95). Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 10/95, discutido pelo Vereador Adeli Sell; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 111/95, 90, 158, 159, 166 e 167/96; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 22/96; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 02 e 03/97, este discutido pelo Vereador Eliseu Sabino; os Projetos de Resolução nºs 01, 02 e 03/97; o Projeto de Lei do Legislativo nº 10/97, discutido pelos Vereadores Cyro Martini e Sônia Santos; o Projeto de Lei do Legislativo nº 20/97, discutido pela Vereadora Sônia Santos; em 2ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei do Executivo nºs 04 e 03/97, este discutido pelo Vereador João Dib; os Projetos de Lei do Legislativo nº 73, 140, 142, 152 e 153/96, este discutido pelos Vereadores Adeli Sell e João Dib; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 162 e 172/96; e os Projetos de Resolução nºs 05 e 04/97, este discutido pelo Vereador João Dib; em 3ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/97. Em continuidade, face a Requerimento verbal do Vereador Cláudio Sebenelo, deferido pelo Senhor Presidente, foi feito um minuto de silêncio em homenagem ao Senhor Abelardo Jacques Noronha, falecido no dia vinte e quatro do corrente. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Foi aprovado o Requerimento nº 34/97 (Processo nº 637/97 - Sessão Solene para entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Moacyr Moojen Marques). Foi aprovado o Requerimento nº 38/97 (Processo nº 722/97 - Moção de Solidariedade à Associação dos Juízes do Estado do Rio Grande do Sul - AJURIS), com ressalva da sua Justificativa, por vinte e cinco votos SIM e três votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Cláudio Sebenelo, João Carlos Nedel, Reginaldo Pujol, Gerson Almeida e Nereu D'Ávila, em votação nominal solicitada pelo Vereador Cláudio Sebenelo, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco e tendo votado Não os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo e Reginaldo Pujol, com Declaração de Voto do Vereador Cláudio Sebenelo. Na ocasião, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Reginaldo Pujol e Pedro Ruas relativas à interpretação do parágrafo único do artigo 177 do Regimento, informando que a Declaração de Voto, para ser aceita pela Mesa, deve ser encaminhada por escrito. Após, foi aprovada a Justificativa da Moção de Solidariedade à AJURIS (Requerimento nº 38/97), votada destacadamente face a Requerimento do Vereador Luiz Braz, deferido pelo Senhor Presidente, por dezenove votos SIM e dez votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol e Nereu D'Ávila, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Ruas e Renato Guimarães e Não os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco. Durante a Ordem do Dia, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Luiz Braz, Reginaldo Pujol, João Carlos Nedel  e Pedro Américo Leal, acerca do texto a ser encaminhado aos destinatários em caso de aprovação de Moção, informando que, atualmente, o procedimento normal tem sido o de encaminhar o texto principal acompanhado da sua justificativa. Na ocasião, o Senhor Presidente deferiu de plano Requerimento verbal do Vereador Pedro Ruas, solicitando sejam enviadas cópias da Moção de Solidariedade relativa ao Requerimento nº 38/97 à Associação dos Magistrados do Trabalho - AMATRA e à Associação dos Juízes Classistas - AJUCLA. A seguir, o Vereador José Valdir solicitou esclarecimentos acerca da aplicabilidade do § 1º do artigo 173 do Regimento. Na ocasião, o Senhor Presidente apregoou o Ofício nº 81/97, do Prefeito Raul Pont, informando que Sua Excelência ausentar-se-á da Cidade das dez às vinte e duas horas do dia primeiro de março do corrente ano, quando participará, no Rio de Janeiro, da Reunião dos Governantes das Nove Maiores Cidades Metropolitanas. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Carlos Nedel elogiou o trabalho do empresário Walter Herz, que, ao completar setenta anos de idade, retirou-se do comando da empresa Ferramentas Gerais S/A, lendo mensagem por ele encaminhada aos seus funcionários. Também, falou sobre a discriminação sofrida pelo funcionário Carlos Roberto Lopes, da Secretaria Municipal de Obras e Viação, portador do vírus HIV. Na ocasião, o Senhor Presidente determinou a entrega ao Vereador João Dib da resposta ao Requerimento de sua autoria solicitando informações sobre o número de assessores lotados nos gabinetes dos Senhores Vereadores. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Ruas lembrou o transcurso do nono ano de falecimento do ex-Vereador e ex-Vice-Prefeito de Porto Alegre, Senhor Glênio Peres, historiando sobre a trajetória e importância deste homem público para a luta em busca da unificação do pensamento socialista. O Vereador Carlos Garcia referiu-se às discriminações sofridas pelo funcionário da Secretaria Municipal de Obras e Viação que é portador do vírus HIV e tratou das questões de regularização fundiária que envolvem a Associação dos Moradores da Vila Nova Esperança. O Vereador Cláudio Sebenelo lembrou o falecimento do ex-Vereador Glênio Peres. Falou sobre o repasse de verbas, pela Administração Municipal, aos hospitais que operam por gestão semiplena do Sistema Único de Saúde. Também, abordou a situação salarial dos municipários e o fechamento da farmácia do Departamento Municipal de Água e Esgotos. O Vereador Gerson Almeida reportou-se ao pronunciamento do Vereador João Carlos Nedel, sobre a discriminação de um funcionário lotado na Secretaria Municipal de Obras e Viação, o qual é portador do vírus HIV, esclarecendo como o PT está encaminhando esta questão. Ainda, discorreu a respeito da municipalização da saúde e dos vencimentos do funcionalismo público municipal. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Dib comentou o processo de votação, na Ordem do Dia de hoje, da Moção de Solidariedade à AJURIS. Criticou os gastos em publicidade pela Administração Municipal na campanha "Liquida Porto Alegre" e abordou caso de discriminação a  um  funcionário  da  Secretaria Municipal de Obras e Viação portador do vírus HIV. Finalizando, defendeu o alargamento da Avenida 24 de Outubro. O Vereador João Motta falou sobre a situação do funcionário portador do vírus HIV lotado na Secretaria Municipal de Obras e Viação, traçando um paralelo com caso semelhante ocorrido na Companhia Carris Porto-alegrense. O Vereador José Valdir falou sobre o agravamento dos problemas agrário e habitacional em todo o País. Também, criticou publicidade atualmente veiculada pelo Curso Supletivo Monteiro Lobato, classificando-a como atentatória à reputação dos professores. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, do arquiteto hondurenho Victor Quadra Burlero e de sua família. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Antônio Losada analisou a situação salarial dos funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Teceu considerações sobre a crescente criminalidade em nosso País e sobre a necessidade de uma reforma agrária nacional. Posicionou-se sobre o caso do funcionário da Secretaria Municipal de Obras e Viação que é portador do vírus HIV. Ainda, rememorou a figura de Glênio Peres, falecido há nove anos. O Vereador Luiz Braz, reportando-se ao pronunciamento do Vereador José Valdir a respeito da situação habitacional em Porto Alegre, comentou as dificuldades dos moradores das Vila Juliano Moreira. Analisou a legislação municipal que versa sobre a veiculação de publicidade nos táxis e sobre a obrigatoriedade de execução do Hino Nacional nas escolas da Cidade. Às dezessete horas e cinqüenta e três minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  Passamos à

 

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PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1033/95 - PROJETO  DE  RESOLUÇÃO    010/95,

de autoria do Ver. Wilton Araújo, que concede o Prêmio de Educação Thereza Noronha à professora Isolda Holmer Paes.

 

PROC. 2127/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº

111/95, de autoria do Ver. Décio Schauren, que acrescenta incisos e parágrafos ao artigo 2º da Lei nº 4629, de 23.11.79, dispondo sobre informações ao usuário e cobrança de excedentes em supermercados e congêneres.

 

PROC. 1587/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 090/96, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que estabelece adicional de 10% sobre o valor de avaliação de próprios municipais ocupados por lindeiros, no caso de alienação com dispensa de processo licitatório, e dá outras providências.

 

PROC. 2555/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 158/96, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que estabelece a obrigatoriedade de colocação de inscrição nos veículos da frota de transporte público de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 2678/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 159/96, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que denomina Av. Ricardo Leônidas Ribas um logradouro irregular localizado no Parque Industrial da Restinga.<D><D><MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><D><E>

 

PROC. 2837/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 166/96, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que oficializa, no Município de Porto Alegre, o "Projeto Histórias de Trabalho" e dá outras providências.<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm> Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. 2855/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 167/96, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que altera dispositivos da Lei nº 6524, de 26 de dezembro de 1989, com a redação dada pela Lei nº 7546, de 12 de dezembro de 1994. (convênio com entidades de produtores rurais de Porto Alegre).  Com Emenda nº 01.

 

PROC. 3057/96 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 022/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que torna obrigatória a instalação, nas agências, postos e nos postos de atendimento bancário eletrônico, de pequena escada móvel, abaixo dos balcões de atendimento e nos terminais, para o uso de pessoas portadoras de nanismo e dá outras providências.

 

PROC.  0250/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 002/97, de autoria da Verª. Maria do Rosário, que concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao economista e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem- Terra, João Pedro Stédile.

 

PROC. 0255/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 003/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que dispõe sobre a prestação de assistência religiosa nas entidades da Rede Hospitalar Pública Municipal de internação coletiva.

 

PROC. 0275/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 001/97, de autoria da Verª. Maria do Rosário, que denomina "Ala Vereadora Julieta Batistioli" a ala oeste do terceiro pavimento do Palácio Aloísio Filho, sede da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

PROC. 0282/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 002/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues a Marlene Pastro.

 

PROC. 0283/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 003/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o Prêmio Tradicionalista Glaucus Saraiva ao poeta Luiz Menezes.

 

PROC. 0540/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/97, de autoria da Verª. Sônia Santos, que implanta, no sistema viário do Município, faixa para o trânsito de emergência. 

 

PROC. 0605/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 020/97, de autoria da Verª. Sônia Santos, que concede o título honorífico de Cidadã de Porto Alegre à Senhora Hjordis Mary Margot Taranger.

 

<D><D><MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><D><E>

2ª SESSÃO

 

PROC. 0407/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 003/97, que declara de utilidade pública a Base Emanente do EVRED Rio Grande do Sul.

 

PROC. 0408/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 004/97, que declara de utilidade pública o Lar Santa Flora.

 

PROC. 1504/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 073/96, de autoria do Ver. Décio Schauren, que autoriza a divulgação de fotos de pessoas desaparecidas no Diário Oficial de Porto Alegre.

 

PROC. 2210/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 140/96, de autoria do Ver. Décio Schauren, que determina a proteção adequada ou emprego de vidros de segurança em locais onde houver transeuntes, tais como portarias, "halls" de edifícios, vitrines, portas ou divisórias.

 

PROC. 2233/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 142/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que autoriza colocar cadeira de rodas em escolas e prédios públicos.

 

PROC. 2472/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 152/96, de autoria do Ver. Décio Schauren, que institui, no Município de Porto Alegre, o Serviço de Prótese Dentária como programa de atendimento à população carente.

 

PROC. 2481/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 153/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que institui, no Município de Porto Alegre, os JOMEEX - Jogos Metropolitanos de Estudantes Excepcionais e dá outras providências.

 

PROC. 2785/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 162/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que denomina Rua Izidoro Lima um logradouro irregular localizado na Lomba do Pinheiro.

 

PROC. 2953/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 172/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que altera o art. 2º da Lei nº 7.509, de 04 de outubro de 1994, que dispõe sobre a confecção de carimbos ou congêneres nas casas do ramo, no âmbito do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 0595/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 004/97, de autoria da Mesa Diretora, que cria cargo de Assessor Técnico Especial no Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 0596/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 005/97, de autoria da Mesa Diretora, que cria cargo de Oficial de Transportes II no Quadro dos Cargos Efetivos da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0584/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/97, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Praça São Marun um logradouro público localizado no Loteamento Joframa, no Jardim Itu-Sabará. Com Emenda nº 01.  Urgência.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos, aqui,  para manifestar a nossa palavra com relação ao Projeto que, a partir deste momento, está tramitando nesta Casa, que se refere especificamente à prestação de assistência religiosa aos enfermos nas entidades da rede pública municipal de internação coletiva. Nossa atenção voltada para essa iniciativa se prende ao fato de que este Parlamentar vive, durante os períodos de atendimento espiritual, a necessidade de ter a liberdade dentro também da rede municipal dos hospitais, casas de saúdes, onde nós prestamos atendimento especial a pessoas carentes num momento que é muito difícil, quando eles lá estão, no leito da enfermidade. Nós estamos vindo com um respaldo da nossa própria Constituição Federal, conforme o disposto no inciso 7ª do art. 5º, onde é assegurada nos termos da Lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e religiosas de internação coletiva; neste mesmo art. 5º, no inciso 6º, há a manifestação de que "é inviolável a liberdade de consciência e crença, sendo assegurado livre exercício de cultos religiosos e garantida na forma da Lei a proteção aos locais de cultos e suas liturgias". No art. 5, inciso 9º, "todos podem reunir-se pacificamente sem armas em locais abertos ao público, independentemente de autorização desde que não frustrem a reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido um prévio aviso às autoridades competentes." A Lei Estadual nº 9.515 manifesta a assistência religiosa, no art. 1º, onde fica assegurado aos ministros de todos os cultos o acesso às entidades civis, militares, de internação coletiva na rede hospitalar pública estadual e particular para prestar assistência religiosa aos enfermos, em qualquer período, durante 24 horas. Na nossa manifestação apresentamos a justificativa para tanto e, como já existe essa liberdade respaldada pela Constituição Estadual, estamos, agora, pleiteando junto ao Legislativo Municipal, no aguardo de que tenhamos a aprovação dos nobres pares, Vereadores desta Casa. Encerro o meu pronunciamento agradecendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, chamou-me a atenção, sobremodo, na relação dos Projetos de Lei postos em Pauta no dia de hoje, o Projeto de Lei nº 10/97. Este Projeto de Lei é de autoria da nobre Vera. Sônia Santos e diz respeito às faixas de circulação, pelas quais os carros devem circular pela nossa Cidade. A proposta chamou-me a atenção por dois motivos. Primeiro, é um Projeto que procura assegurar aos veículos de circulação de emergência, como as ambulâncias e os veículos policiais, uma faixa própria para se deslocarem livre e rapidamente. De um lado, essa foi uma razão pela qual eu prestei especial atenção ao Projeto; de outra parte, a minha atenção também se voltou para o Projeto por uma razão simples: se ele é idealmente válido, importante, sob o ponto de vista prático, real, não há como concretizá-lo, não há como pô-lo em prática. Como é que nós vamos, dentro das pistas da Avenida Ipiranga, por exemplo, da Avenida Bento Gonçalves ou da Avenida Cristóvão Colombo, destinar uma faixa da pista para uso exclusivo dos veículos de urgência e de emergência? Não há como! Não tem praticidade; é o ideal, mas não no reino da terra. Aqui vai ser difícil colocá-lo em prática.

O setor próprio da Casa, que dá o Parecer preliminar, deu condições para o Projeto tramitar porque, realmente, cabe ao município disciplinar o uso das pistas e faixas das vias urbanas, disciplinar o uso pelos veículos e pelos pedestres, de acordo com a circunstância, de acordo com o caso. Então é absolutamente impossível. Se há, hoje, faixas exclusivas destinadas aos ônibus essas faixas, por si só e em razão do volume de veículos e de passageiros em tráfego, em circulação, impõem-se de modo flagrante, de modo óbvio, como necessárias. Mas, faixa exclusiva para os veículos de emergência, sejam eles da minha estimada e querida organização - Polícia Civil -, ou sejam eles de emergência, não há como colocar. Há uma outra matéria, que também se trata de faixas exclusivas, que são as ciclofaixas ou ciclovias: Porto Alegre não tem as condições propícias para que se as implante. Seria o ideal dispormos de ciclofaixas ou ciclovias para o uso exclusivo de ciclistas. Não há como chegarmos hoje, de modo simples, de modo exeqüível, de modo  viável, à implantação desse tipo de faixa especializada para o uso de determinado tipo de veículo. Por isso, acho que temos que aplaudir, de um lado, o Projeto da Vera. Sônia Santos, mas de outro, deixarmos a pergunta que é: com que dinheiro, em que ruas? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de iniciar, comentando o Projeto de Resolução nº 010/95, de autoria do Ver. Wilton Araújo, porque me dá a oportunidade de falar sobre duas pessoas e sobre um tema importante, que é a educação.

Fomos, junto com a Profa. Thereza Noronha, nossa saudosa ex-Presidente do Centro de Professores do Rio Grande do Sul, batalhadores por anos e anos de uma causa, que foi a causa da educação no Rio Grande do Sul, que foi colocada num patamar de respeito e dignidade. Nos anos 70, junto ao magistério publico estadual, mesmo com as diferenças que eu guardava com a Profa. Thereza Noronha, nós estivemos juntos na organização do magistério público estadual, na defesa dos seus direitos e, fundamentalmente, na busca de melhores condições de trabalho e condições salariais.

O "Prêmio Thereza Noronha" à Profa. Isolda Paes, que foi minha Professora no Curso de Letras da UFRGS - e tenho que colocar, aqui, que a Professora merece esse prêmio, com a denominação "Prêmio de Educação Thereza Noronha" - é fundamental para o reconhecimento de uma educadora que tem sido um exemplo de dedicação, não apenas na causa da educação, mas na causa da cultura do nosso Estado. Sei que a Profa. Isolda Paes fez viagens ao exterior, conhece o mundo e o Brasil, fez muitos artigos na imprensa da nossa Capital sobre o tema, teve contribuição inestimável para as dezenas, centenas de alunos que passaram por suas mãos, por seu aprendizado.

Acreditamos que esse prêmio é o mais do que merecido, é o prêmio que nos dá a oportunidade de discutir  a questão da educação. Passamos alguns anos com muitos debates sobre a educação e essas professoras tiveram um papel muito importante nesses debates. Mesmo com as diferenças político-ideológicas que guardávamos, temos que reconhecer que são baluartes da educação do nosso Estado. Infelizmente, hoje, não temos mais no Estado e no País as preocupações com a questão da educação. A Profa. Isolda Paes, militando na causa da educação e cultura, tiveram importantes e inestimáveis contribuições. Portanto, deixo aqui registrada essa questão que considero fundamental para a educação do nosso Estado: esse Prêmio à Profa. Isolda Paes.

Por último quero mencionar o Projeto de Lei do Legislativo nº 153/69, do Nobre Ver. Paulo Brum, que preside esta Sessão. Instituir no município de Porto Alegre os Jogos Metropolitanos de Estudantes Excepcionais é uma atitude meritória de sua parte, Ver. Paulo Brum. Merece todo o nosso apoio, principalmente porque precisamos discutir mais as questões de esporte de um modo geral e hoje, estamos submetidos normalmente ao esporte profissional, ao ditame de uma empresa que trata do esporte, muitas vezes, não tendo em vista interesse de quem o pratica, mas o de uma minoria. Os Jogos Metropolitanos de Estudantes Excepcionais é, portanto, uma iniciativa louvável de sua parte, e nós acreditamos que isso deva ser um dos vários marcos na vida desportiva de nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, como é bom ser um Vereador transparente! É tão bom que apresentam um Projeto de Resolução da Mesa e o Presidente se inscreve na Pauta, porque já sabia o que eu ia dizer. Eu realmente fui muito contundente, até porque  eu não sou obrigado a entender as manobras da Mesa. Vejo aqui que o Ver. Paulo Brum apresenta um projeto de lei, instituindo no município de Porto Alegre os JOMEEX. Como eu adivinhara o que é JOMEEX se o nobre, eminente e diligente Ver. Paulo Brum não tivesse explicado que são Jogos Metropolitanos de Estudantes Excepcionais?

O Executivo Municipal apresenta Projeto de Lei cuja Ementa diz que declara de utilidade pública a Base do EVRED Rio Grande do Sul. Eu não sou obrigado a saber o que significa esse termo. Perguntei ao pastor Eliseu Sabino e ele não sabia o que era. Eu também não sei. Não sou obrigado a saber. O Executivo teria que me dizer o que está pretendendo fazer.

Por que falei no JOMEEX e no EVRED? Porque não sou obrigado a saber das manobras da Mesa da Câmara Municipal. Na Exposição de Motivos para o seu Projeto de Resolução, criando cargo de Assessor Técnico no quadro de cargos em comissão e função gratificada da Câmara Municipal de Porto Alegre, eu só podia pensar que eram aqueles sobre os quais ele está me devendo informações da era do computador. Não preciso mais do que cinco minutos. Talvez eu tenha que usar o art. 70 da Lei Orgânica; aí, eu vou lá, peço e eles me dão. Se o Presidente, se a Mesa da Câmara tivesse convidado as Lideranças, eu saberia o que estava acontecendo. Mas, para mim, não era para assessorar o Plano Diretor, era mais um cargo para ser indiscriminadamente distribuído. Por isso é que não me dão a resposta que eu tenho solicitado. Então, se fui contundente na segunda-feira, estou pedindo desculpas. O Presidente, sabendo da transparência deste Vereador, sabia que eu ia fazer uma crítica, só não soube colocar na Exposição de Motivos o que estava acontecendo, eu até aplaudiria, tanto que sou um Vereador que foi até analisar. Realmente, está faltando um cargo e eu não posso fazer nada, eu  sou obrigado a aceitar, mas não se inscrever depois de mim porque sabiam o que eu ia dizer.

Eu vou dizer, de novo, agora a V. Exa., Ver. Paulo Brum, que preside os trabalhos neste momento, já o fiz ao Ver. Reginaldo Pujol e já o fiz ao Ver. Clovis Ilgenfritz: eu quero a relação dos cargos distribuídos nos 33 gabinetes de Vereadores. E hoje é o último dia que eu vou pedir da tribuna, porque amanhã eu vou buscar na forma de Lei Orgânica, art. 70, que exige que seja atendido.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Isso é que inspirou toda a manobra da Mesa. Fiquei perplexo, mas nós vamos obter isso de qualquer maneira. O PT e o PDT que se acautelem porque nós vamos dar os rumos que nós queríamos dar a esta Casa.

 

O SR. JOÃO DIB: Nobre Ver. Pedro Américo Leal, uma manobra de vez em quando até é uma coisa importante, mas aqui não é  manobra, aqui é um subterfúgio, é uma fuga. Eu não vou dizer que é uma molecagem porque é claro eles ficariam muito magoados. Eu não quero magoá-los. Mas eu não sei a palavra certa para definir esse tipo de coisa, quando se fez toda a composição  de uma Mesa para que não houvesse discriminação, e a discriminação, está sendo feita, e escondida, pensando que os outros são tolos! Amanhã, o art. 70 da Lei Orgânica, me autoriza a buscar a informação que eu quero, onde eu quiser, e me será dada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para um requerimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO(Requerimento): Faleceu na última segunda-feira uma grande figura da sociedade sul rio-grandense, Sr. Abelardo Jaques Noronha de 85 anos de idade, ex-Presidente do Sport Clube Internacional, e que ocupou todos os cargos do Clube, de jogador à Presidente. Foi de grande contribuição para o esporte gaúcho, foi sepultado ontem no Cemitério João XXIII. Requeiro, além do voto de Pesar, um minuto de silêncio desta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Está deferido de plano o Requerimento do Ver. Cláudio Sebenelo.

(Procede-se um minuto de silêncio.)

 

A Vera. Sônia Santos está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com muita honra que inauguro como parlamentar, hoje, esta tribuna, para expor as razões que me levaram a propor a concessão de título honorífico à Sra. Jordes Mary Margot Taranger. Trata-se de uma incansável missionária sueca que, depois de mais de 50 anos que está radicada no Brasil, tem  dedicado a maior parte de sua existência ao longo de seus 81 anos, à causa da caridade. Ela é responsável pelo Campus Lar Esperança que já atendeu 1.200 pessoas em seus 35 anos de funcionamento. A Entidade está situada numa área de 44.000 m2, onde estão instaladas quatro casas-lares para meninos e uma casa-lar para meninas, com capacidade para 100 crianças, bem como uma creche, com igual capacidade. Nessa mesma área situa-se uma escola profissionalizante de artes gráficas, de marcenaria, padaria, tecelagem artesanal, corte e costura, bem como serviços de escritório, além de um instituto bíblico e um lar para idosos, todos eles mantidos pela Igreja Assembléia de Deus.

Mas os seus feitos não param aí. Entre os seus novos projetos está a construção de mais casas para famílias carentes, no sistema de mutirão, bem como uma clínica para crianças carentes, portadoras do vírus HIV, que já está em construção.

Por toda a dedicação dessa senhora aos desassistidos e por seu trabalho comunitário, considero que esse Título seria uma forma de reconhecimento da Cidade de Porto Alegre à pessoa da Sra. Mary Margot Taranger que é um exemplo de amor e de dedicação ao próximo.

Aproveitando a oportunidade, gostaria de explanar aos meus colegas Vereadores as razões que me motivaram a encaminhar o Projeto de Lei propondo a implantação de faixas destinadas ao trânsito de emergência nas principais avenidas da Cidade.

Ocorre, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que o aumento da frota de veículos desta Capital tem ocasionado inúmeros transtornos aos motoristas, devido aos constantes congestionamentos, principalmente nos horários de pico. Essas dificuldades são maiores ainda para o deslocamento de veículos em situações de emergência, como: ambulâncias, carros de polícia e viaturas do Corpo de Bombeiros. Sendo assim, minha proposta pretende atender esse segmento, através de uma ação simples e econômica por parte do Executivo, tendo em vista que se trata apenas de uma demarcação de uma pista específica para este trânsito, com pinturas e faixas identificadas como sendo de emergência. Essa medida criará a cultura de desocupação imediata e disciplinada do espaço, dando preferência aos veículos que transitam naquelas condições. E eu, como uma cidadã, em uma situação de emergência, tive que ser transportada, no ano passado, no mês de junho, do Hospital de Pronto Socorro para o Hospital Cristo Redentor. Vi e senti como uma paciente com quatro fraturas na bacia e outras tantas fraturas pelo corpo a dificuldade que teve a ambulância em que eu estava de desviar dos carros. Há lugares no mundo em que isso poderia ser verdade, como na cidade de Nova Iorque, existem essas faixas de emergência e a cultura já foi criada. É óbvio que isso não pode acontecer em uma rua muita estreita, mas nós temos algumas ruas largas com mais de 5 Km, que têm até três pistas para carros, e nós podemos muito bem fazer a demarcação de uma dessas pistas para que, num caso de emergência, esta pista seja desocupada. Por isso, caro Ver. Cyro Martini, continuo entendendo que essa proposição desse Projeto de Lei é válida, sim.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Queria, em primeiro lugar, cumprimentá-la pela idéia que V. Exa. tem, pois viveu o problema na carne, por isso mesmo está dando uma sugestão que poderá minimizar o sofrimento de muitos outros que poderiam passar pelo mesmo problema que V. Exa. passou. Tenho certeza absoluta de que esta sugestão que vem, de forma de projeto, para este Plenário vai servir muito para que as nossas autoridades nesta área do trânsito possam, quem sabe, fazer alguma coisa a mais em prol dessas pessoas. Quero cumprimentar V. Exa. e fiquei muito contente ao ouvi-la também expondo o problema da tribuna. V. Exa. tem realmente muita competência e capacidade, parabéns.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS: Agradeço o aparte de V. Exa. e encerro o discurso. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum passamos à


ORDEM DO DIA

 

Não há matéria constante na Ordem do Dia.

 

Em votação o Requerimento nº 34/97, de autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz, que requer que a data de 24 de abril de 1997 seja destinada para a realização da Sessão Solene para a entrega do Título Honorífico de cidadão de Porto Alegre ao Sr. Moacir Moojen Marques. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 38/97 de autoria do Ver. Juarez Pinheiro de Moção de Solidariedade à Associação dos Juízes do Estado do Rio Grande do Sul - AJURIS.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero dizer que esta Moção que encaminhamos é subscrita por inúmeros Vereadores desta Casa Legislativa, de quase todas as bancadas. Na verdade a Magistratura brasileira se reuniu em Macapá, no fim de semana passado, preocupada com a forma com que as alterações constitucionais estão sendo  procedidas no Congresso Nacional; e o mesmo da interferência na capacidade de quem tem, constitucionalmente, o direito de dizer o direito. Emitiu o documento chamado “Carta de Macapá”, e fez com que hoje se desenrole em todo o território nacional o Dia da Mobilização Nacional pela cidadania e Justiça.

A Associação dos Juízes do Estado do Rio Grande do Sul, junto com a AMATRA - dos juízes trabalhistas - e a AJUF - Associação dos Juízes Federais, desenvolve hoje uma extensa programação. Foram convidados pessoas, movimentos, sindicatos, parlamentares dos mais diversos partidos no sentido de discutir os problemas do judiciário brasileiro e da concentração excessiva de poderes no Poder Executivo.

Tenho feito uma série de manifestações no sentido de que as alterações constitucionais, que têm sido feitas no Congresso Nacional, não têm, na verdade, constitucionalidade, porque quem detém o poder constituinte originário - o povo - não passou aos atuais Deputados e Senadores a capacidade de alterar cláusulas pétreas da Constituição Federal.

Verificamos também os problemas por que passa a magistratura do Rio Grande do Sul. Hoje temos um quadro de 400 juízes. Há uma deficiência de, no mínimo, 200 juízes, e o número de processos aumentou mais de dez vezes.

Considerando todas essas questões institucionais e de organização do Poder Judiciário, estamos encaminhando  aos Srs. Vereadores , neste dia, quando se discutem questões tão importantes para a vida da Nação, esta Proposição. Orgulhamo-nos de ter junto conosco na assinatura desta Moção, entre outros nobres Vereadores, o Ver. Pedro Américo Leal  e o Ver. João Dib, com quem tenho mantido debates de fundo ideológico e, com o maior respeito, de ordem pessoal. Entenderam estes dois Vereadores que, pela supressão  de parcela de  um dos itens da justificativa  eles também poderiam subscrever, ou seja, as suas consciências de homens públicos e de cidadãos honorários, verificando o que acontece com a nação brasileira, principalmente com o Poder Judiciário,  os faz subscrever a Moção.

Resumindo as razões desta proposta, gostaria de ler os quatro itens que embasam a proposta já lida pelos companheiros de Mesa. (Lê.)

 

“1.- Certamente, é mais cômodo governar sem Judiciário independente, sobretudo para os administradores de perfil autoritário, que não somente legislam diuturnamente ingressando no âmbito de atribuições do Legislativo, como pretendem ser juízes de seus próprios atos. Aqueles - os autoritários - ao exercerem ilegitimamente o poder político, invariavelmente investem de forma aberta ou mascarada, contra o Parlamento e o Judiciário.

 

2.- Qualquer plano de governo, seja de qual matiz esteja colorido há de ser implementado com respeito estrito às normas constitucionais, sob pena de cair-se  no puro arbítrio político. Incompatível com o atual estágio da consciência política nacional.

 

3.- Atenta-se hoje contra as garantias da magistratura. Propõe-se incidentes de inconstitucionalidade  avocatórios. Propõe-se súmulas vinculantes. E outros arremendos de solução dos problemas. Aumenta-se o tom do discurso, como clara ameaça, sempre que contrariado pelo Judiciário, algum interesse momentâneo das políticas em vigor. A atividade do Legislativo, do Judiciário - como dois outros poderes do Estado - é reduzida muitas vezes a mero empecilho para que sejam atingidas prioridades do Executivo.

 

4.- Se defendermos o Estado de Direito, continuamos a exigir que sejam  assegurados os meios indispensáveis para sua realização. Porque magistratura submissa é insegurança da cidadania. É falência da coisa pública. E é negação da democracia.”

 

Convido, então, os nobres Pares, neste dia tão importante da mobilização, não só aqui no Rio Grande do Sul como em todo o Brasil, para discutirmos a importância de termos uma Constituição  a qual contenha um ordenamento político e social deste País e que esta Casa Legislativa venha  a se associar  a essa iniciativa da AJURIS, da AMATRA e da AJUF. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós acreditamos ser válida uma moção de solidariedade à ação dos juízes em todo território brasileiro e que se reflete, aqui no Rio Grande do Sul, através da AJURIS e também da AMATRA no sentido de fazer com que possamos ter um equilíbrio maior entre poderes.

Eu acredito que esta moção elaborada pelo Ver. Juarez Pinheiro está um pouco incompleta. Se nós formos falar, Ver. João Dib, neste tema que hoje  se transforma no grande debate nacional, temos que discutir a experiência que estamos vivendo, aqui, em nossa Cidade, onde estamos vivenciando uma verdadeira ditadura imposta através das ações do Executivo.

Quando foi criado o tal do Orçamento Participativo, o objetivo da criação deste instrumento que deveria ser extremamente sadio e útil a toda a sociedade, se transformou apenas num expediente para que o Executivo pudesse eliminar o Legislativo e enfraquecer o Legislativo com relação à participação do mesmo no processo de fiscalização. E, quem conhece, por exemplo, o processo do Plano Diretor, que tramita aqui nesta Casa, sabe muito bem  que num artigo deste Projeto está uma autorização que este Legislativo daria para que o Plano Diretor pudesse ser mexido com uma certa liberdade por uma comissão, que é praticamente uma comissão escolhida pelo Poder Executivo, pelo Sr. Prefeito Municipal. Essa concentração de forças no Executivo, distorce a figura da democracia. Infelizmente, se isso acontece em nível nacional, através de outros mecanismos que hoje são cobrados pelos juízes em todo o território brasileiro, nós também não podemos esquecer, como legisladores de Porto Alegre, que, aqui em nossa Cidade acontece exatamente a mesma coisa e que há algum tempo nós estamos vivenciando um enfraquecimento deste Legislativo em prol de uma  ditadura que está sendo imposta e que o reflexo maior se fez sentir nas últimas eleições as quais nós disputamos.

Acredito que nós temos de votar favoravelmente, nós devemos apenas adendar a esta Moção, não apenas o centralismo que hoje acontece em nível nacional, de acordo com este manifesto dos juízes: nós devemos também levar em consideração, principalmente, até porque somos Vereadores, de Porto Alegre, o centralismo que  acontece aqui em nossa Cidade, quando esta Câmara praticamente se vê alijada, muitas vezes, de tomar as suas atitudes de acordo com as suas competências constitucionais, porque ela é, de alguma forma, desviada em sua competência ou, de alguma forma a sua competência fica diluída através de outros mecanismos que servem apenas para concentrar cada vez mais forças no Poder Executivo. Está absolutamente correto o Ver. Juarez Pinheiro com a sua Moção.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Pelo que consta, estamos encaminhando uma Moção a favor da reunião promovida pelos juízes de todo Brasil em Porto Alegre e o Vereador está encaminhando contra o Orçamento Participativo, o que não consta na Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu estou dentro do tema. O tema refere-se a uma concentração de forças no Poder Executivo. Essa é a grande discussão nacional. Quero apoiar essa Moção, exatamente porque sou contrário a que exista essa grande concentração de força no Executivo, porque isso descaracteriza a democracia e, como estamos vivendo isso em Porto Alegre, quero dar forças a essa Moção proposta pelo Ver. Juarez Pinheiro que também está em conforme com o que acontece em nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com todo o respeito que merece o Ver. Juarez Pinheiro, estamos discutindo no Brasil inteiro, a posição da AJURIS e AMATRA contra uma atitude pessoal, contra uma crítica que, eventualmente, por um ato falho, qualquer pessoa pode fazer em relação ao Presidente da República um ser humano como qualquer outro, com todos os defeitos e falhas  do ser humano, mas uma pessoa que tem se mostrado democrata e, em absoluto, compatível com qualquer insinuação golpista ou, muito menos, autoritária - ele, com seus 40 milhões de votos foi colocado lá pelo povo, ele não foi nomeado, eventualmente a crítica feita em relação à justificativa que está aqui, é no mínimo autoritária.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai conceder uma Questão de Ordem ao Ver. Juarez Pinheiro.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): O nobre Ver. Cláudio Sebenelo foi induzido a um erro em face de uma negociação por solicitação de alguns parlamentos para subscreverem a Moção, pois retiramos todo o item quatro. Então, quando o Ver. Cláudio Sebenelo fala “em golpe”, gostaríamos de esclarecer que isso não consta na Moção.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: O Presidente Fernando Henrique Cardoso está exercendo o poder político legitimamente por uma votação esmagadora. Não se investiu nunca, de forma aberta ou mascarada, contra o Parlamento ou contra o Judiciário. O direito à crítica que ele pode ter exercido - sem que isso se considere uma ofensa ao Judiciário ou até uma divergência ao Judiciário, e que será traduzida, posteriormente, por um procedimento jurídico que mostre a contrariedade, ou a divergência, ou a inconformidade com o voto do Juiz Supremo -, não quer dizer desrespeito, isso não abala em nada a dignidade da magistratura brasileira. O que deve ser discutido é como devemos discutir o problema do Parlamento, do Executivo, mas muitas vezes é o Judiciário que está sob discussão. Não há nenhum demérito na discussão dos problemas do Judiciário, no distanciamento do Judiciário da sociedade brasileira, na crise do Poder Judiciário, na morosidade do Poder Judiciário. Isso está permanentemente em debate e não há nenhum demérito, nenhuma ofensa a nenhuma pessoa do Judiciário.

Este governo, que está permanentemente abalizado por normas constitucionais, não tem possibilidade, pela própria Constituição, de exercer qualquer poder dentro de arbítrio. Arbítrio, muitas vezes, pode-se pensar que é quando um poder executivo encaminha ao Legislativo, para sua própria bancada, a permanente aprovação de todos os seus projetos. Qual o nome desse procedimento? As garantias de magistratura estão todas garantidas pelo próprio poder executivo. Toda vez em que precisar de qualquer força legal ou força física para garantia das prerrogativas da Magistratura, não tenham dúvida, o Governo lançará mão disso. Em nenhum momento se cerceou a opinião de qualquer Juiz. O que se está fazendo, muitas vezes, é mostrar uma divergência, protestar contra uma atitude. Às vezes, pode ser certa ou errada essa divergência, mas o que nós não podemos é admitir que o Judiciário se sinta tão ofendido, a ponto de criar uma Moção da AJURIS, da AMATRA e dessa Câmara.

Era esse o esclarecimento que tinha que fazer, dizendo que essa Moção de Solidariedade não tem a força e não vai causar o efeito pensado pelo signatário dessa proposta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é com muita honra que recebemos esta incumbência do nosso partido, para encaminhar esta Moção de Solidariedade à AJURIS, que se manifesta em favor da independência e da estruturação das instituições. Nós, do PPB, estamos encaminhando favoravelmente a esta Moção porque também acreditamos na independência e harmonia dos Poderes. Queremos, sim, um Judiciário forte e independente, também um Executivo competente e eficaz, mas também queremos um Legislativo respeitado e muito ouvido. Nós, como Legislativo, também estamos preocupados com a desestruturação das instituições. O nosso Legislativo deve ser elevado, harmônico e independente e não, muitas vezes, usado como desculpas. Senhor Ver. Juarez Pinheiro, é com muita honra que no nosso partido encaminha favoravelmente a presente Moção. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao ingressar na Casa, esta tarde, eu recebi do Ver. Juarez Pinheiro, cópia da Moção de Solidariedade que o mesmo entende que a Casa deve remeter à AJURIS, pelo alerta que faz à nação brasileira, como apelo à consciência democrática da cidadania, de forma que se ajude a evitar a desestruturação das instituições, entre elas o Judiciário, altivo e independente, depositário de derradeiras esperanças, para que não tenha, mais uma vez, a violação dos direitos vitais.

Conversei com o Ver. Juarez Pinheiro e disse que pretendia discutir essa proposição, porque a justificativa da mesma, que se desvincula do que a Casa vai aprovar, aliada à circunstância que estamos vivendo, neste momento, não nos permitia, com relação a este assunto, Ver. Pedro Américo Leal - V. Exa. que já se manifestou solidário à mensagem -, e não poderíamos estar alheios ao processo, que acontece hoje no Brasil, pois essa reunião da AJURIS é mais um acontecimento a configurar, o que me parece um paradoxo na nação brasileira.

Ontem, ouvi um representante da AJURIS dizer que, em verdade, esse ato não era uma paralisação, nem era uma greve; que mais se assemelhava a um comício político. Ouvi, nas emissoras de rádio de Porto Alegre palavras textuais nesse sentido.

Lembrei-me, Ver. Pedro Américo Leal, das minhas dificuldades para ingressar na Faculdade de Direito, onde tive que superar, entre tantas coisas, a prova de Português, que se constituía de prova de Literatura, e o tema que tive que abordar com o meu examinador, foi a famosa Questão Coimbrã, que marcou, em Portugal, aquele período de transição entre o Romantismo e o Realismo, e que tinha, no seu centro, as figuras do Camilo Castello Branco e do Ramalho Urtigão, e como grande causa da polêmica, uma obra, cujo título se inseriria de forma muito adequada ao momento atual dessa discussão entre os poderes deste País. Essa obra chamava-se “Vaidades Irritantes e Irritáveis”.

Estamos paralisando a nação na base do “disse que disse”. O Presidente teria dito que os ministros não pensavam no Brasil; o Presidente disse que não falou nada disso; fala-se que os deputados votam por razões outras que não o interesse nacional. Isso é colocado, muitas vezes, na boca de autoridades judiciárias. Eu ouvi e li que um ministro, após um julgamento de uma causa, convocava os interessados, que dela iriam ser beneficiados, a que ingressassem em juízo para terem esse direito, quase na figura daquele goleiro que diz: “Chuta que a bola vai entrar.” Esse quadro de vaidades irritadas e irritantes com esse tipo de solidariedade precisa ter muita cautela, porque estarei sendo solidário com um movimento que anunciadamente tem conotação política e diz que irá preservar as prerrogativas da magistratura e a sua independência, objetivo altamente salutar e plenamente defensável dentro do processo democrático. Quando eu sei que entre as ponderações da magistratura uma é no sentido de que hoje está se mexendo demais na Constituição - e a mexida que alegadamente se faz em demasia se faz via legislativo -, há de se convir que, na medida em que se toma uma posição do Judiciário, que entende que a Constituição não deve ser mexida, especialmente naquilo que não lhe convém, de outro lado, o Legislativo tem a prioridade, mais do que isso, a disponibilidade legal de agir politicamente, como representante da sociedade, de forma legítima e propor as alterações legais dentro dos ritos estabelecidos, é um imperativo, se assim ele entender e propuser essa mudança.

O quadro é muito complexo, as vaidades estão muito irritadas e irritantes, assim não posso ser solidário a essa Moção por não fazer parte de um duelo, de uma competição, um debate que seria bom para a nossa nação que não tivesse existido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, ontem a Mesa e as Lideranças debatiam se uma Moção de Solidariedade é enviada solitariamente ou é acompanhada de sua justificativa. Até ontem não havia ainda uma definição por parte da Mesa.

Agora, o nosso voto a essa Moção, acredito que pelo menos o voto deste Vereador, depende muito dessa decisão da Mesa. É uma Moção que vai seguir sozinha ou vai com a justificativa? Essa resposta gostaríamos de ter da Mesa para que pudéssemos definir o voto.

 

O SR. PRESIDENTE: Até o momento, nós não temos ainda resposta à consulta feita à Comissão de Constituição e Justiça. Nesse sentido, a Mesa não tem alternativa a não ser de proceder como tem acontecido. A Moção vai acompanhada da justificativa. Nesse momento é esse o entendimento que temos, porque assim tem sido o procedimento normal da Casa. Entretanto, o Plenário é que pode decidir se deve, nesse caso, ser votada em separado, a Moção em si, ou não. Ou por acordo com o proponente ou por votação, por proposição de algum  Vereador.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Então, os Vereadores decidem se vai acompanhada ou a Moção em si.

 

O SR. PRESIDENTE: É a única alternativa que temos para uma coisa que tem sido feita.

O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, parece-me bastante oportuna a Moção de Apoio apresentada pelo Ver. Juarez Pinheiro. O dia não poderia ser mais próprio, porque hoje é exatamente o Dia Nacional de Mobilização dos Magistrados em defesa da Justiça e da Cidadania. Suponho que esta seja uma situação inédita, em que os Magistrados do Brasil se mobilizam, de forma nacional, afirmando, em alto e bom som, de norte a sul do País, mesmo com todas as diferenças que a Magistratura tenha, em torno de uma única causa. Por que isso acontece agora e não aconteceu ao longo da história da República? Essa é uma boa pergunta. Por que uma categoria, uma classe, um grupo de pessoas que jamais foi afeito a esse tipo de atividade política organizada, hoje se movimenta de forma nacional e se apresenta num todo, em torno de algumas palavras, algum contexto, algumas opiniões que unificam todos os juízes do País?

Estamos vivendo uma situação inédita na República, porque são quase duas medidas provisórias por dia, que governam o nosso País, ou seja, é natural isso, aliado com a situação dos juízes, das condições de trabalho e tantas outras que têm sido, ao longo do tempo, anunciadas e colocadas, fazendo com que, em determinadas juntas, por ausência completa de condições de trabalho, os processos se arrastem ao longo de anos, dificultando sobremaneira, portanto, o bom funcionamento do estado de direito que precisa de, naturalmente, boas condições para os três poderes realizarem os seus trabalhos. Cito um exemplo: “O Judiciário resiste e teima em exercitar, como as suas outras atribuições, a precípua função de controle e de salvaguarda do primário da lei. Insiste com que os programas de Governo tenham de se subordinar à ordem constitucional vigente e, ao invés de se ajustar a essa, ajusta-se aos interesses momentâneos ou contingentes de um dado projeto político. Essa resistência tem lhe custado desfavor dos poderosos da hora e dos muitos beneficiados do desmonte do Estado”. Na verdade há uma questão de fundo que está sendo levantada. Essas são as palavras do Dr. Adroaldo Furtado Fabrício, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Não são, portanto, palavras de um opositor contumaz. Ele diz um pouco mais: “Os Juízes do Brasil estão hoje mobilizados para denunciar à sociedade as péssimas condições em que desempenha o seu mister, mas também e, principalmente, para assegurar aos juridicionados que não faltará à sua missão e nem deserdará os seus compromissos do Poder Judiciário.” Ele não é privatizável, nem substituível, não está a venda. Ou seja, são questões de conteúdo que estão em debate. Parece-me que a questão de que tratou o nobre Ver. Juarez Pinheiro faz esta Casa somar-se a uma das questões mais importantes. Não estamos aqui no mérito, dizendo se o Judiciário tal como está deve ser mantido, pois não é essa a discussão. Até porque, para termos esse debate é preciso um melhor funcionamento  no estado de direito. Coisa que, hoje, a rigor, não estamos vendo.

Ao fazer o encaminhamento favorável à Moção - se não estou enganado - o nobre Ver. Luiz Braz fez uma ligação bastante difícil de entender entre o apoio à Moção do Ver. Juarez Pinheiro e o Executivo Municipal, dizendo que aqui, no Município, estaríamos vendo as prerrogativas do Legislativos sendo atropeladas por um Executivo cada vez mais forte. Vejam , essa afirmação não se sustenta por nenhum  fato concreto, a meu ver primeiro, o grande debate que temos visto, aqui, nos últimos dias, retomado pela Câmara, com toda a legitimidade - que inclusive nos colocou a mim, a Vera. Anamaria Negroni, ao Ver. João Carlos Nedel, e a tantos  outros Vereadores em debates, nos últimos dias nas rádios - é exatamente, uma prerrogativa típica do Sr. Prefeito: montar a peça orçamentária, que deve vir para ser votada por esta Casa, soberanamente, montá-la com a participação intensa da comunidade, através do Orçamento Participativo. Ou seja, abrindo mão do poder que até então era prerrogativa e usado, sem a participação de milhares de pessoas da comunidade, através do Orçamento Participativo, subordinando-se às suas normas. Vejam, este Executivo não pode ser acusado de estar concentrando o poder. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito que a votação deste Projeto seja nominal.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, em primeiro lugar, quero dizer que em muito boa hora o Ver. Juarez Pinheiro lembrou de fazer esta Moção. Quem, pela manhã, folheia os jornais e procura as notícias, hoje deparou com este magnífico artigo do Dr. Adroaldo Fabrício do qual o Ver.  Gerson Almeida leu alguns trechos, dando ênfase à posição em que estão querendo colocar o Judiciário. O Ver. Gerson Almeida de repente falou aqui em Medidas Provisórias. Não, isso nada tem a ver com essa discussão. Nós podemos também adentrá-la. Mas, nesse momento, nós encetamos uma solidariedade - pelo menos de nossa parte, da Bancada do PDT - ao Judiciário, como um todo. Não há dúvida de que há movimentos, e aí o medo justificado de algumas figuras muito fortes e muito sóbrias do Poder Judiciário de adentrar nas nuances internas do Poder Judiciário, e aí não se sabe o que vai acontecer. Então, o Poder sempre - embora com defeitos que todos nós possuímos, em situações às vezes não as melhores, mas dentro de uma judicatura sólida, no Rio Grande do Sul - é até certo ponto irretocável e no resto do País ajuda nos julgamentos das causas mais intricadas; no Supremo Tribunal - como o ex-Ministro Paulo Brossard tem colocado na “Zero Hora”, magnificamente - há por vezes, assoberbado trabalho, ou seja, cada juiz, cada ministro, embora trabalhando muito, não vencem os processos. Aqui ocorre a mesma coisa. Há poucos dias aparecia a foto  do Desembargador no jornal, mostrando que, pela falta de condições dignas para ele trabalhar no Tribunal, ele instalou-se no seu próprio apartamento, fazendo ali as suas sentenças, dando os seus veredictos.

Então, no momento em que se ameaça a integridade, eu não vou discutir aspectos setoriais e nem se a Justiça é boa ou se ela é lerda. Não é esta a discussão. A discussão, pelo que eu entendo, é a seguinte: um poder que tem a responsabilidade de distribuir justiça através das sentenças, que nos julgamentos julga, às vezes, o destino dos homens, das pessoas e das instituições, esse Poder tem que ser, como diz a Constituição, independente. Então, não se pode, como disse o Dr. Adroaldo Fabrício hoje, magnificamente, querer, através da retirada de sua vitaliciedade, por exemplo, - um dos princípios básicos desde a existência da República - não se pode com ameaças desse porte, querer uma independência e uma tranqüilidade absoluta no julgamento, de pessoas do Judiciário como Ministros, Desembargadores ou Juízes.

Por isso, creio que é muito válida a proposta, e por isso haverá um ato hoje, às 19 horas, na sede da AJURIS, na Rua Celeste Gobato. Eu tenho certeza, hoje, de que a soberba invadiu os Ministérios e o Palácio do Planalto. Tenho absoluta certeza de que há de se equilibrar essas questões, e o Poder Judiciário é um dos equilíbrios da nacionalidade, é um dos pilares da Nação que deve permanecer intocável, independente, sólido e prestigiado. Isso só se faz dando-lhes aqueles postulados que a Constituição prevê como a independência e a harmonia com os demais poderes. Por isso, neste momento, creio que se faz muito bem, através de  um  Vereador, essa proposta. Acho que, se aprovada, ela traduzirá que a Câmara de Porto Alegre não se omitiu no momento em que um dos seus poderes pede socorro, porque eles do Poder Judiciário, estão pedindo socorro, e eu creio que nós, do Poder político, não podemos deixá-los à mercê de algo que lhes ameaça, ou seja, a sua integridade como poder. Por isso, não precisaria dizer que a Bancada do PDT é absolutamente favorável, com louvor, a essa proposta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a Mesa, Requerimento, de autoria do Ver. Luiz Braz, solicitando Destaque na votação da Justificativa. A Mesa encaminha, portanto, a votação da matéria e, depois, o Destaque.

Vamos votar a Proposição feita pelo Ver. Juarez Pinheiro. O Destaque é da Justificativa. A votação será nominal, conforme já foi combinado.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, por ser ainda neófito no Parlamento, talvez o meu questionamento não seja propositado, mas me parece que na discussão da última votação de Moção, esta possibilidade não foi colocada. A questão da isonomia teria sido um pouco prejudicada. Eu queria fazer este registro.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a possibilidade não foi usada, porque houve um acordo. Não houve concordância, mas também não houve o Requerimento. Quero deixar bem claro que isso, de fato, transitou pela Mesa e o Ver. Paulo Brum nos auxiliou nesse sentido.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Posso concluir a minha intervenção? Eu quero dizer a V. Exa. e a este Plenário que os termos que estão colocados na Justificativa desta Moção são elegantes, são adequados, e retirei duas expressões por solicitação de dois parlamentares.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a sua intervenção não é Questão de Ordem e a Mesa não pode registrar. Nós precisamos ter cuidado de registrar só as Questões de Ordem, que foi a primeira parte do seu pronunciamento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Considerando que, eventualmente, fosse rejeitada a Proposição, a razão do Destaque também ficaria prejudicada?

 

O SR. PRESIDENTE: Também ficaria prejudicada.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu requeiro a V. Exa. que, primeiro, se vote o Destaque.

 

O SR. PRESIDENTE: Regimentalmente, Ver. Reginaldo Pujol, conhecedor profundo da matéria, colabore com esta Mesa para não incorrer em erro. A Mesa vai colocar em votação a Moção.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Auxiliando a Mesa, V. Exa. não incorreria em erro se o Plenário tivesse posição semelhante à nossa, no desejo de salvar o principal. Mas como o Plenário já se manifestou de forma diversa, eu retiro a consulta a V. Exa.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece. Solicito ao Sr. Secretário que leia, na íntegra, a proposição que será votada.

 

O SR 1º SECRETÁRIO: (Lê.)

“O Vereador que esta subscreve, requer á autoridade de Vossa Excelência que, após trâmites regimentais seja encaminhada

 

Moção de Solidariedade

 

à AJURIS - Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul pelo alerta que faz à nação brasileira, como apelo à consciência democrática da cidadania, de forma  que se ajude evitar a desestruturação das instituições, dentre elas o Judiciário altivo e independente, depositário também de derradeiras esperanças para que não se tenha mais uma vez a violação de direitos vitais.”

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Esclarecimento): A Declaração de Voto pode ser solicitada  no momento da votação?

 

O SR. PRESIDENTE: Quando o Vereador vota, diz o seu voto “com declaração”, ele entrega à Mesa, no mesmo momento, para que a Mesa possa dar conhecimento ao Plenário, depois de apregoada a votação.

Em votação nominal. (Após a chamada.) APROVADA a Moção por 25 votos “SIM”, e 3 votos “NÃO”.

Passamos à votação do Destaque ou seja a Justificativa, da Moção de Solidariedade.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, essa foi uma discussão iniciada ontem na reunião de Mesa e Lideranças. Eu chamaria a atenção dos Srs. Vereadores para o seguinte fato: quando aprovamos um projeto que se transforma em lei, na Lei, Ver. Pedro Américo Leal, não existe a Justificativa. V. Exa., se quiser, algum dia vai procurar no processo a justificativa até para fazer uma interpretação do texto legal. Agora, a justificativa não segue a lei na sua história. Não seria justo, e não é justo, aquilo que acontece, aqui nesta Casa, de nós votarmos uma moção por acharmos que é justa, mas não é favorável à justificativa. Nós sabemos que na justificativa, muitas vezes, nós colocamos muito do subjetivo. Fazemos muito jogo político e partidário. Na justificativa podemos expressar alguma coisa que não tem nada a ver com os outros que vão votar a matéria principal.

Eu fiz uma referência de que vamos ficar contra a todo centralismo e a toda força que tem o poder executivo em relação aos outros poderes e citava o caso de Porto Alegre. O Vereador Gerson Almeida dizia que aqui não existe centralismo. Eu digo a V. Exa., Ver. Pedro Américo Leal, e aos outros Vereadores desta Casa que um dos exemplos desse centralismo e desta força absurda que está concentrada no poder executivo é, por exemplo, o não cumprimento de leis. A Casa aprovou um projeto de lei que já é lei, de autoria deste Vereador, que obriga as escolas municipais a ensinarem o Hino Nacional para as crianças, às segundas-feiras. O absurdo é que simplesmente o Executivo Municipal acha por bem não cumprir a lei.

Agora, se formos procurar naquele processo do Projeto de Lei, vamos encontrar uma declaração do Ver. José Valdir, dizendo que o Hino Nacional era desatualizado. Está no processo. É só procurar.

Existe uma declaração do Ver. José Valdir, que eu prezo muito, um grande Vereador desta Casa, mas naquele dia estava numa tarde infeliz, em meu modo de entender. Não estou dizendo nada sobre a competência e capacidade do Ver. José Valdir.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. José Valdir.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita ao ilustre Ver. Luiz Braz, que está na tribuna, e ao ilustre Ver. José Valdir que não façam debates porque não é permitido e o Ver. Luiz Braz, por favor, evite citar o nome do Vereador para não criar essa situação.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito que peça ao orador que está na tribuna para não fazer esse tipo de referência para ver o que eu realmente disse há 5 ou 6 anos.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa se antecipou à sua Questão de Ordem que foi aceita pela Mesa e pelo tribuno. O Ver. Luiz Braz está novamente com o tempo para a conclusão.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu peço escusas. Fiz essa citação apenas para provar que nós não devemos fazer com que o processo seja encaminhado para a autoridade quando votamos aqui uma Moção. Vamos mandar a Moção com a qual a Casa concorda e não a Justificativa que, muitas vezes, não diz respeito àquilo que realmente nós queremos enviar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Juarez Pinheiro para encaminhar.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta questão envolve questões de fundo e questões também de formalidade de processo legislativo. Eu, na verdade, quando redigi esta Moção tive o cuidado de não querer expor os meus Pares, que não de minha agremiação partidária, com uma Moção que pudesse ter o caráter personalista de querer, por um dado acontecimento nacional, tirar proveito para efeito de promoção pessoal.

Eu diria, se fosse de minha única iniciativa, coisas muito mais fortes do que escrevi aqui.

Quero dizer também que negociei com este Plenário, com vários de seus parlamentares o texto desta Justificativa. Quero dizer também que quando elaborei esta Moção com todo o cuidado para não expor os meus Pares, fiz com uma estrutura que tinha cabeça, tronco e membros. O Ver. Luiz Braz legitimamente, fazendo destaque - o que é uma competência sua como parlamentar zeloso nos trabalhos da Administração, de tudo aquilo que venha de algum integrante do meu partido -, está procurando segmentar. Quero dizer a V. Exas. que eu, aqui nesta Moção, deveria dizer muito mais coisas, porque hoje o que acontece coloca em risco a cidadania do povo de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, do povo do Brasil. Não há como uma Nação conseguir se manter minimamente legitimada a organizar a vida dos seus cidadãos, se não tivermos um Judiciário forte.

Quero dizer ao Ver. Luiz Braz que, se ele entende que há desmando da Administração Municipal, incorre numa grande contradição, quanto mais forte for o Poder Judiciário, mais V. Exa. terá a possibilidade de colocar os seus litígios. Quero chamar a atenção de que hoje, nesta Nação, mais do que em outros períodos, trabalha-se com posições do Legislativo completamente autoritário, temos, em média, mais de duas MPs por dia, o que é um verdadeiro absurdo. É contra isso que os magistrados, que a consciência do cidadãos desta Cidade, deste País hoje se insurgem e denunciam à Nação. Por último, chamo a atenção de que, quando elaborei esta Moção, queria na verdade, fazer com que esta Casa, como muito bem assinalou o Ver. Nereu D’Ávila, do PDT, se alcançasse num debate tão importante da vida nacional. Eu ficaria muito triste, mas muito triste mesmo se, por questões de formalismo, um texto que não desrespeita ninguém, um texto que fala sobre um dos Poderes desta Nação, fosse retirado e se esta Casa não se inserisse com a sua representatividade e com a importância que tem um debate tão significativo para a vida da Nação. Eu concito os meus nobres pares no sentido de que esta Casa não se diminua numa questão tão importante da vida nacional. Solicito a aprovação desta Moção e sua Justificativa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Esclarecimento): Sr. Presidente, nós estamos encaminhando o Destaque?

 

O SR. PRESIDENTE: Estamos encaminhando regimentalmente.

Com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aquelas pessoas que integram esta Casa e que entendem que é correta a solidariedade com a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul pelo alerta que faz à nação brasileira, devem estar satisfeitos, lograram a aprovar o Requerimento por grande maioria. E por isso, agora, não precisam tripudiar em relação àqueles que discordaram, tiveram a grandeza de - na esperança de que a Casa viesse a ser sensível a seus argumentos - votar na expectativa de que estivesse aprovando tão somente os termos da proposição da Moção de Solidariedade. Coragem que eu não tive, porque temo, Ver. Luiz Braz, que não se consiga se escoimar da vontade da Casa essas increpações colocadas na Justificativa com as quais não posso concordar, pois retrata uma situação que não se vivencia e pela qual não se tem como, por lógica, comprometer-se, quando se diz que se atenta hoje contra garantias da magistratura. Quem está atentando contra as garantias da magistratura? Propõe-se incidentes de inconstitucionalidade à vocatória, propõe-se a súmulas vinculantes. A proposta das súmulas vinculantes nasceu no Poder Judiciário, é o Supremo Tribunal Federal que propôs o estudo das súmulas vinculantes que transformou em uma proposta legislativa. Então é o próprio Judiciário que estaria atendendo contra si mesmo? É o que está dizendo a Justificativa. Colocações como essa: “e outros arremedos de soluções do problema, aumenta-se o tom do discurso”. E o discurso está em tom bastante aumentado. E o que se vê nesta justificativa é um discurso político. Busca-se em todas as justificativas incrementar, aprofundar, acelerar, colimar um entrechoque entre os Poderes neste País, entrechoque que não existe, está se querendo criar um clima de tensão na Nação para satisfazer interesses legítimos, mas com coisas estratégicas eu não posso concordar.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu dizia ao meu grande preceptor na Casa, com sua experiência, o Ver. Pedro Américo Leal, que eu sabia que era um terreno arenoso - eu tinha aprendido muito cedo lendo alguém sábio -, que com homens que usam saia, a gente não brinca, não discute, com o Poder Judiciário e com a Igreja Católica. Enquanto o padre usava batina não se discutia. Eu entendo que quem propôs a discussão nesse momento, quem está colocando a Nação, quem está promovendo atos políticos são os Juízes. A Casa já deu solidariedade ao ato público, agora não precisa tripudiar, não precisa enxertar um discurso político tendencioso, segmentado - esse sim, segmentado -, favorável a uma parte da opinião pública nacional, aquela que mais acaloradamente se opõe ao Governo de Fernando Henrique Cardoso, às reformas políticas. Não precisa a Casa subscrever o discurso do PT, apenas para dar solidariedade à Magistratura. Se o Ver. Pedro Américo Leal, na sua independência sempre programada, no seu respeito ao Poder Judiciário, entendeu de apoiar essa solidariedade, ele, certamente, o fez para ser solidário com a Justiça, para que ela tenha meios para se realizar, mas, não para subscrever o discurso do Partido dos Trabalhadores que quer aprofundar uma crise artificial no desejo absolutamente claro de com isso criar um conflito institucional na Nação e enfraquecer a força política do Governo Fernando Henrique Cardoso.

Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho acompanhado a trajetória do Ver. Reginaldo Pujol, ao longo dos tempos, desde quando ele mandava na Cidade, no tempo da ARENA, e fiquei deveras impressionado, hoje, com a recaída do Vereador que não faz jus à sua inteligência. Na argumentação e na ânsia de retirar, escoimar do texto a Justificativa, o Vereador chegou a aventar a possibilidade de um conflito - o Ver. Juarez Pinheiro quer criar um conflito entre os Poderes da República -, é pretensão demais do Ver. Juarez Pinheiro. O Ver. Luiz Braz também me surpreendeu, porque é um costume dos poderes em geral. Desde os tempos estudantis nós sabemos que qualquer Moção em qualquer assembléia tem que ter os considerandos, tem que ter uma argumentação que culmine com a proposta. Então, se se retirar a sustentação, nós bacharéis sabemos disso, a tese fica enfraquecida. Nem sempre é claro, porque, às vezes, pela força da tese a argumentação pode ser maior ou menor. Mas, de um modo geral, a argumentação reforça alguma coisa e, no caso de uma Moção, os considerandos dão o substrato, o arcabouço para a conclusão. Isso, num estudo de lógica pura, seriam as premissas que vão levar à conclusão.

Então, eu creio que se desmembrar, se deslocar uma coisa da outra ficaria um pouco sem substrato a proposta. Creio que até seria uma inovação da Casa. No caso - o Ver. João Carlos Nedel me olha, eu sei o que quer dizer - foi diferente, nós não conhecíamos os considerandos. Eu creio que é alguma coisa nova aqui na Casa. Então, nós, toda vez que apresentássemos argumentos para sustentar uma proposta, por escrito, aqueles argumentos, no momento de chegarem ao seu destinatário, seriam retirados. Creio que nós temos que assumir: se tem um conteúdo político, claro que tem, esta Casa é política. Então, não se dêem desculpas para não assumir um posicionamento político. Eu sou contra isso, por isso! Mas,  não querendo fracionar uma proposta com o argumento de que ela está mais forte ou mais fraca. Não! Acho, Ver. Luiz Braz, que V. Exa. deve passar a considerar, se os considerandos não agradam, a proposta está prejudicada, então, vote-se contra a proposta, mas querer destruí-la ou querer tirar o substrato, através de um argumento regimental como o destaque, me parece novidade aqui na Casa, porque sempre, ao longo do tempo, temos recebido propostas de outros legislativos na íntegra, e temos mandado, também na íntegra. O Vereador até já retirou alguma coisa que foi solicitada, e eu o parabenizo. Então, ele fez alguma concessão com os exageros, mas querer retirar todo o argumento, toda a justificativa, todos os considerandos, me parece um pouco estranho. Creio que teremos que dividir as águas; se somos contra alguma coisa, politicamente, vamos assumir, e não querer ficar na moita.

Acho que a proposta é política, sim; tem conteúdo político, sim, e eu sou favorável e a minha Bancada também, por ter essa força política: a Lei da magistratura, como estrutura judiciária, ter que ser inoculada com certas doses de argumentações; mas na sua estrutura política, ela também necessita da nossa força. Por isso, creio que nós não podemos ser favoráveis. A Bancada do PDT vai votar contra o destaque proposto pelo Ver. Luiz Braz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação Moção de Solidariedade à AJURIS, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro. APROVADA a Moção, por 19 votos SIM; 10 votos NÃO.

Será remetido o texto da Moção com a justificativa. Considerando que o destaque não foi aprovado.

O resultado da primeira votação foi de aprovação.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a partir de agora todas as moções serão submetidas ao mesmo tratamento?

 

O SR. PRESIDENTE: Não. Estamos aguardando uma decisão indicativa a este Plenário, da Comissão de Constituição e Justiça, que já está com a matéria, devido a consulta feita por este Presidente, através da nossa Diretora Legislativa.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem): Fiquei um pouco perturbado, porque não sabia distinguir qual o valor da Moção, da Justificativa e da Exposição de Motivos. Na verdade eu não sabia como votar. Uma ou outra para mim seria indiferente.

 

O SR. PRESIDENTE: A Justificativa de Voto é por escrito, e o que V.Exa. está fazendo, eu peço desculpa, mas não posso aceitá-la.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o que foi a primeira votação?

 

O SR. PRESIDENTE: Foi da Moção em si, que foi aprovada. Votamos o destaque que foi aduzido à Moção. Não foi retirado.

 

O SR. PEDRO RUAS (Requerimento): Seria muito importante que uma cópia da Moção fosse encaminhada à Associação dos Magistrados do Trabalho. (AMATRA), e à Associação dos Juízes Classistas (AJUCLA). Eu já conversei com o autor que se mostrou favorável a este Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Ruas, será posta em prática. O Ver. José Valdir está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Requeiro que V. Exa., consultada a Assessoria, esclareça-me a respeito da interpretação do art. 173, parágrafo primeiro, até para estabelecer uma futura jurisprudência sobre o tema. No parágrafo primeiro diz: “No encaminhamento da votação de Proposição, por parte destacada, podem falar pela ordem o autor do destaque, o autor da Proposição e Líderes de Bancada”. Isso tem lógica, porque, quando o autor de uma Proposição tem-na destacada, mais do que nunca ele continua como parte interessada na discussão. Como foi o caso do Ver. Juarez Pinheiro que, ao ser destacada, uma parte da sua Proposição, ele continua como parte interessada e, portanto, com direito a encaminhamento. Pelo Regimento, na minha interpretação, tanto o autor do destaque, quanto o autor da Proposição e os Líderes de Bancadas, tem direitos, obviamente, têm direito a encaminhar.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa considera o seu Requerimento como uma contribuição para esclarecimento da Casa, uma vez que a Mesa  incorreu em erro ao não ter concedido a palavra a V. Exa.

O Ver. Cláudio Sebenelo encaminha à Mesa a seguinte:

 

“DECLARAÇÃO DE VOTO

 

Com todo o respeito ao autor da proposta e com a mais profunda consideração ao Poder Judiciário,

 

VOTO CONTRA

 

Sem nada ter a ver com o conteúdo jurídico do aumento ou não aos funcionários públicos, espero que a AJURIS, a  AMATRA e o Signatário proponham uma ampla discussão da Sociedade a respeito do controle externo do Judiciário, voltando-se para suas entranhas, discutindo suas mazelas, suas dificuldades, sem que para isto tenham que projetá-las em um outro Poder, baseado em suposições, como manobra incompatível com o que dele,  Poder Judiciário, espera sociedade brasileira.”

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito que a Mesa considere que o nosso voto contrário às duas matérias, com declaração de voto anunciado, seja consubstanciado nos pronunciamentos feitos na tribuna quando do encaminhamento de ambas as votações. Era esse o requerimento.

 

O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V.Exa. sabe que este Vereador não tem a idéia e nem a intenção de promover discussões que sejam estéreis, mas, realmente, esse Requerimento, com todo o respeito, admiração e amizade ao Ver. Reginaldo Pujol, não tem o menor sentido, a declaração em cada voto tem que ser escrita e entregue na mesa. Nós não temos mais nenhuma declaração, desde que haja pronunciamento na tribuna. Isso é inédito. Eu quero um esclarecimento neste sentido.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa entendeu o Requerimento do Ver. Pujol como uma afirmação de que estavam consubstanciadas nos encaminhamentos as declarações. Mas não declaração de voto, isso é impossível.

 

O SR. PEDRO RUAS: Ele requereu declaração de voto.

 

O SR. PRESIDENTE: Não, então não pode ser aceito. Eu solicito ao Vereador que repita o seu Requerimento porque a Mesa não pode, isso é óbvio que não pode.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, V.Exa., com absoluta sabedoria interpretou o nosso propósito que, lamentavelmente, o competente Ver. Pedro Ruas não conseguiu interpretar.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nossa imprensa, essa semana, registrou um importante ato que é a auto-aposentadoria do grande empresário de Porto Alegre, Walter Herz, Diretor-Presidente da Ferramentas Gerais S.A que, quando completou 60 anos de idade, retirou-se da direção executiva da sua empresa, passando ao Conselho. Agora, aos 70 anos, retirou-se totalmente da sua organização e nos brindou com uma mensagem muito importante que eu gostaria que fosse incluída nos Anais desta Casa, para que nos seja dado o exemplo de empresário-cristão, cujo título lhe foi distinguido pela Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa, há uns 4 ou 5 anos. Eu gostaria apenas de ler a mensagem que ele deixou aos seus funcionários, que diz:

“À equipe, pela forma sempre solidária de fazer dos meus ideais o ideal de cada um. Entendo que o conjunto de homens e mulheres que a integram, constituem o meu mais importante legado, não pelo que eu ensinei, mas pelo que aprendi. Estou consciente de que a Ferramentas Gerais é o resultado do esforço de muitos, pois a cada dia surgiram idéias, por mais simples que pudessem parecer, de colegas contribuindo para o crescimento do conjunto. Sempre procuramos adotar uma postura respeitosa e justa em relação aos nossos colaboradores e é por isso que a Ferramentas Gerais tornou-se uma das empresas pioneiras em política de distribuição de lucros, proporcionando este benefício desde 1967. Portanto, há 30 anos. Hoje 25% do lucro líquido é distribuído aos nossos colaboradores.

Sinto imenso orgulho desta equipe por muitas razões, mas uma que muito me emociona é o número expressivo de colaboradores que participam, tradicionalmente nos meses de maio e dezembro, das campanhas de  doação de sangue ao Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Esta é uma maneira de demonstrarmos gratidão e reconhecimento ao excepcional serviço que o HPS presta à população, e também é um gesto concreto de solidariedade em favor do próximo.

As falhas que aconteceram na caminhada apenas confirmam que devemos continuar valorizando mais as pessoas do que as máquinas. Estas erram menos, mas apenas quando operadas por profissionais interessados e competentes. À equipe, obrigado pelo companheirismo e pela amizade.”

Este é um registro de um dono de empresa, enaltecendo os seus funcionários com respeito. E, neste momento, Srs. Vereadores, eu fui  chamado para atender um telefonema que muito me entristeceu. Quando falamos em tratamento digno aos funcionários, me sensibiliza muito  um  ato de alta discriminação que está sofrendo um funcionário municipal da SMOV, Carlos Roberto Lopes, funcionário desde 1988, matrícula 44.856.3, portador do vírus HIV. Foi discriminado no seu trabalho, proibido de ingressar na sua repartição, teve cortados seus salários desde o mês de novembro, não recebe o tíquete-alimentação, e está sendo unicamente atendido pelo Sindicato dos Municipários.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Somente para registrar que ontem, no final da tarde, fomos procurados, na qualidade de Presidente da CEDECONDH, pelo advogado do Sindicato dos Municipários e pela pessoa portadora do vírus HIV,  que trazem esta denúncia à Casa, através de V.Exa., bem como essa questão foi trazida pelo Ver. Carlos Garcia. Faço questão de fazer esse registro. A Comissão de Direitos Humanos acolheu essa situação, já fizemos contato com o Secretário Estilac Xavier, da SMOV, e hoje à tarde, ainda, deveremos obter a resposta do Secretário sobre a condição funcional deste senhor, o Sr. Carlos, daremos prosseguimento, dentro dos trabalhos da Comissão, a essa denúncia que estamos acolhendo.

 

O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Se for confirmada a denúncia que V.Exa. faz da tribuna, que é muito grave, independente da solução - que certamente ocorrerá em 24 horas, tenho certeza - o delito já foi praticado. A falta delituosa já é muito grave, já ocorreu e serão tomadas providências, não tenho dúvidas disso. Estou tomando conhecimento neste momento, eu não sabia dessa denúncia.

 

O Sr. Luiz Braz: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, apenas para assinalar que eu não tenho registro de que no nazismo, o momento mais cruel da história, tenha-se registrado fato semelhante. Infelizmente se registra aqui na SMOV.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu gostaria, feito esse apêndice, de mostrar a incoerência entre dois tratamentos: o da Ferramentas Gerais e o do Município. Eu gostaria de transmitir, ainda, a parte final da mensagem do Sr. Walter Herz, que pede aos governos:

“Lembro aos governos que sempre cumpri e fiz cumprir as leis do meu Município, do meu Estado e do meu País, pagando todos os impostos rigorosamente em dia. Apesar de havermos cumprido com as nossas obrigações fiscais e trabalhistas, levo a tristeza de jamais ter havido reciprocidade.”

Fica a pergunta a nós, políticos: o que estamos fazendo para dar retorno àqueles que pagam impostos de onde são retirados os nossos salários?

Temos exemplos de que estaremos dando retorno de altos impostos, de leis que atrapalham e trazem novos custos, de fiscalização punitiva e não de fiscalização orientativa.

Dá o que pensar a mensagem que nos transmite, hoje, Walter Herz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que estava no Gabinete no momento em que o Ver. João Dib usou a palavra, mais uma vez reclamando uma solicitação que lhe é de direito. Eu estava exatamente conferindo a matéria para trazê-la. Coincidentemente, faço, então, a entrega ao Vereador, conforme solicitou, dos nomes dos componentes de cada Gabinete e a data de sua inscrição.

Solicito à nossa Diretora que faça a entrega do referido documento, que está dentro do prazo legal.

 

O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já que o Requerimento está sendo debatido diariamente nas Sessões, encaminho a seguinte questão à Mesa para que incorpore, dentro das suas preocupações, mais esta. O Regimento pode ser omisso nesta situação que ora é constituída, ou seja, iniciamos o Grande Expediente com a fala do Vereador João Carlos Nedel e a próxima, na ordem de inscrição, seria a do Ver. João Dib e  no meio temos três ou quatro Lideranças inscritas. Isso é um descompasso do trabalho, porque quebra a lógica deste momento da Sessão  onde são tratados temas livres. Nada contra Lideranças ou Mesa mas a favor de um Regimento que regulamente essas situações, sob pena de nós perdermos, em qualidade, os debates preparados pelos Vereadores já inscritos.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho falar sobre a data de hoje que marca a passagem do nono ano de falecimento do ex-Vereador e ex-Vice-Prefeito de Porto Alegre, Glênio Peres. No dia vinte e seis de fevereiro, a exatos nove anos, morria em Porto Alegre aquele que foi um verdadeiro símbolo na luta contra a ditadura militar, na promoção da cultura de nossa Cidade e exemplo de vereador nesta Casa. Vários Vereadores que estão aqui, Ver. Elói Guimarães, João Dib e Lauro Hagemann foram colegas de Glênio Peres nesta Casa.

Tive a honra de ser seu amigo pessoal e fui, como muita honra, também, chamado para despedir-me do amigo, do companheiro, do líder Glênio Peres no momento que se aproximava a sua morte e ele percebia isso. Hoje toda a Cidade reconhece o papel importantíssimo de Glênio Peres em termos de unificação de pensamento progressista, socialista de unidade das forças do campo popular, tanto que, a homenagem que hoje faz parte da geografia desta Cidade, a criação do Largo Glênio Peres não foi obra de um Governo do PDT, Partido de Glênio, foi obra de um Governo da Frente Popular, posterior ao mandato que Glênio exerceu nesta Cidade.

Glênio Peres foi para nós do PDT e para todos de qualquer partido, que de uma forma ou de outra tenham vinculação com Porto Alegre, o maior exemplo de amor à Cidade que nós poderíamos ter conhecido.

Para nós esses nove anos passaram depressa demais. Ao olhar para trás, Ver. Clovis Ilgenfritz, que privou também da amizade do companheiro Glênio Peres, parece que temos ainda ontem os ensinamentos, as palavras e a presença de Glênio, sempre no momento oportuno, sempre com a posição correta.

Glênio representou tudo isso para nós e esses nove anos, na verdade, de uma ausência profunda, de uma dor para os seus amigos, de uma perda para a Cidade, são para todos o marco de que não tivemos na verdade uma substituição à altura, como aliás, de resto, é uma ilusão pensar que as pessoas são todas substituíveis. Glênio Peres não teve e não tem substituição à sua altura nesta Cidade, mas o seu exemplo, a sua vida, o seu trabalho, a sua marca nesta Cidade representa para todos nós uma presença que continua, uma vida que permanece entre nós porque o seu trabalho foi de tal monta, de tal força e de tal porte que ele ficou e fica em cada projeto, em cada pronunciamento, em cada momento que se utiliza o microfone nesta Casa.

Quando se trabalha pela cultura em Porto Alegre, quando se visita a periferia da Cidade, quando de combate o arbítrio, quando se fala em cultura sempre se está falando em Glênio Peres.

Por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no dia de hoje, no nono ano de morte de Glênio Peres, fica o registro permanente da Bancada do PDT e, tenho certeza de que as demais bancadas pensam o mesmo, pelo menos boa parte delas - com muita honra falo em nome das demais Bancadas, PSDB, PTB. Encerro com muita alegria e com muita honra a missão de falar em nome de todas as Bancadas e, finalizando, digo: Glênio fica, porque os grandes ficam, e o seu exemplo para nós é um caminho a seguir. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença do ex-Vereador Luiz Negrinho e pedir licença também para, em nome da Mesa e deste Vereador, somarmo-nos às homenagens a Glênio Peres. Eu tive a honra de participar, como Secretário do Planejamento, do Projeto que transformou o ex-abrigo da Praça XV em Largo Glênio Peres. Também queremos nos unir à mensagem do Ver. João Carlos Nedel em relação ao empresário Walter Herz pois temos o conhecimento de toda a trajetória de sua vida, até porque privou longamente do convívio de uma pessoa da minha família, o Sr. Léo Haltamn. Somos conhecedores profundo do seu sucesso empresarial. O seu filho Daniel Herz estará sucedendo-o na empresa, Herz é o tio de Tarso Genro. É um registro que a gente pede licença para fazer.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaríamos de também fazer parte das palavras do Ver. Pedro Ruas em relação a Glênio Peres. Coincidentemente, ficamos mais contentes porque está no plenário o Sr. Norberto Peres, radialista, jornalista, sobrinho e afilhado de Glênio Peres.

Há poucos minutos, fomos noticiados a respeito de um caso que está ocorrendo no município de Porto Alegre, de um funcionário da SMOV. Tivemos ontem a visita do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre juntamente com a pessoa portadora do vírus HIV. Preferimos não citar o nome da pessoa. Hoje pela manhã tivemos contato com o Líder da Bancada do PT e solicitamos uma reunião urgente com o Secretário da SMOV pedindo providências para este caso. E três questões de ordem achamos importantes: primeira, a reintegração imediata desse funcionário para que não fique encostado e nem aposentado, porque o portador do vírus HIV tem o direito de se reintegrar à sociedade. Se ele não puder exercer as funções até então exercidas, que seja recolocado em outra função; e solicitamos o ressarcimento imediato de seus vencimentos dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Temos certeza de que a Administração Popular, através de seu Secretário Municipal de Obras e Viação, vai cuidar com carinho e zelo, e vai solucionar este caso o mais breve possível.

Gostaríamos, também, de relatar uma situação que já levantamos duas ou três vezes nesta tribuna com relação à Associação dos Moradores da Vila Nova Esperança,  no bairro da Glória. A ação de despejo que estava para ocorrer, na segunda-feira, felizmente não ocorreu, pois os advogados da FRACAB entraram com uma ação para reverter o despejo.

Estamos nos deparando com algumas situações bastante constrangedoras, pois as pessoas que se engajaram com esta ação perderam seus empregos, porque ficaram vários dias participando das negociações. Portanto, há famílias passando fome. Uma situação que nos chocou muito é que, no dia que estava para haver a desocupação, os moradores em vigília constante, não puderam sepultar um morador que tinha falecido naquele dia. Solicitamos providências do Executivo quanto ao Diretor do DEMHAB que,  até o momento não participou de nenhuma reunião com esses moradores, em todas as reuniões sempre colocou um representante. Então solicitamos que o Diretor do DEMHAB se faça presente, que receba a Direção da Associação dos Moradores da Vila Nossa Senhora Esperança, bem como a Comissão do Conselho Popular da Grande Glória, a Equipe de Regularização Fundiária e mais o Ver. José Valdir, representante da CUTHAB. Acho que o quanto antes deve ser dada uma solução àquelas famílias, porque mais de cem crianças, na segunda-feira, iniciarão ano letivo e está bastante preocupante esta situação. Esperamos que o Executivo através do DEMAHB providencie o quanto antes essa reunião. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. “Quem quer definir saudade, diz bobagem e fala a esmo. Saudade, é saudar mesmo.” O autor dessa frase é Glênio Peres.

Gostaria de abordar nessa minha intervenção dois assuntos: o “Correio do Povo” publica “Prefeitura não pagou hospitais: A Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos e o Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul vão pedir a interferência do Ministério Público para que a Prefeitura de Porto Alegre pague os valores que deve aos serviços prestados pelos hospitais nos meses de agosto, setembro e outubro do ano passado. Os valores deixaram de ser pagos por terem ultrapassado o teto orçamentário estabelecido pelo Município. O Presidente da Entidade, Júlio Flávio Dornelles Matos, explica que o teto foi definido em agosto, quando a Capital ingressou na gestão semiplena do Sistema Único de Saúde (SUS). Tomamos conhecimento do teto somente em outubro, quando o atendimento já tinha sido feito”. Dessa forma os Prontos-Socorros atenderam à população, prestaram serviços e não vão receber os devidos pagamentos por iniciativa da Secretaria da Saúde do Município, gestora do sistema.

Tenho certeza de que o nosso Secretário, tão competente e tão atento, Henrique Fontana vai dar uma solução adequada a esse problema - que antigamente era um problema da União Federal, depois foi para o Estado, agora passa, pela gestão semiplena do SUS -, a se bater numa ou outra porta com os mesmos problemas.

Por outro lado, eu gostaria de abordar sem nenhuma evocação pessoal, a Portaria nº 220 de 19 de fevereiro de 1997, publicada no Diário Oficial do Município, que nomeia a ex-Vereadora Helena Bonumá - nada contra a ex-Vereadora, até porque foi destacadíssima aqui na Casa, inclusive com um trabalho junto com a Vera. Clênia Maranhão sobre o trabalho infantil, que é uma das melhores coisas que esta Casa pôde produzir como uma tentativa de resgate social - para o Gabinete do Prefeito, por não ter sido reeleita, mas contemplada com um CC durante dois anos. Isto é, os amigos do rei ficam sempre bem, em detrimento de todo o funcionalismo público municipal que está com o seus salários defasados. Ver. João Dib, justiça se faça ao seu incansável bater na mesma tecla, justiça se faça a administração do PT que, bimestralmente, concede um reajuste ao funcionalismo, se é que se pode chamar de reajuste os ridículos 0,8%, amparados numa liminar obtida pelo então Prefeito Tarso Genro, em maio de 95, alterando a proposta de cálculo do reajuste bimestral, desprezando o índice do DIEESE e tomando um outro índice que, casualmente, é significativamente menor do que aquele.

Mas não é só disso que eu quero falar, quero também me referir a algo que ainda está em busca de dados mais consistentes por parte de nossa Bancada, mas que ao se confirmarem as informações recebidas, dá bem a dimensão do que a Administração Popular dispensa aos funcionários municipais. Falo do fechamento da farmácia do DMAE e do credenciamento de outras farmácias com custos bem mais elevados. Diga-se de passagem que foi aberto um processo licitatório e que foi suspenso em razão de as duas farmácias que pretendiam se habilitar serem de propriedade de funcionários do próprio DMAE. Será que uma coisa tem a ver com outra? Será que o fechamento da farmácia nada tem a ver com a propriedade das farmácias por parte de funcionários? Na condição de médico sei o que estou falando, porque digo que é aos mais humildes que essa medida vai atingir, pois quanto menor o nível salarial, mais sujeito às necessidades de remédios o funcionário está. Essa é a forma de tratar os trabalhadores? Ou os funcionários públicos municipais, pelo fato de terem o PT como patrão, não são trabalhadores? Nos próximos dias vamos voltar ao assunto com os dados mais precisos. A se confirmar, no entanto, isso que levanto, vamos cobrar desta tribuna uma explicação para mais essa forma petista, antifuncionário municipal, de administrar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu queria abordar o tema que foi aqui trazido pelo Ver. João Carlos Nedel e secundado pelo Ver. Carlos Garcia, em relação à demissão de funcionário da Secretaria de Obras e Viação. Esse assunto já havia sido trazido a mim, ao meio-dia, pelo Ver. Carlos Garcia, já que ontem ele havia recebido a denúncia, e rapidamente tomei a iniciativa de ligar ao Secretário de Obras para pedir que ele averiguasse e tratasse, pessoalmente, do caso para que essas informações sejam ou não confirmadas. É o que ele está fazendo, e segundo consta, essa informação de soropositivo foi encaminhada ao processo posteriormente à demissão ou quando a demissão já estava em curso. Essa é a informação da Secretaria e que será averiguada. E a motivação da demissão do funcionário  deu-se por motivos absolutamente diferentes a esse, até porque se essa informação não era da Administração, é natural que ela não pudesse ser motivadora de nenhum ato administrativo.

Vejam que todas as informações são informações que o Secretário passou de lembrança, não são informações processuais, e todas elas estão a serem confirmadas processualmente, e o processo é um processo normal de demissão de um celetista, que vinha faltando, sistemática e permanentemente, sem qualquer justificativa, ao trabalho, e que depois de o processo já estar em andamento é que ele anexou um atestado de soropositivo.

Vejam que já há precedentes na Administração a questões como esta: na Carris, na época tratada pelo Ver. João Motta; no DMLU e todos os casos foram tratados como a Administração trata essas questões, de uma forma, a nosso juízo, correta, séria e sem qualquer tipo de discriminação em relação ou a portadores do HIV ou a qualquer outro problema de saúde, de doença ou de outra ordem. Vejam bem que, naturalmente, os Vereadores, nas suas obrigações, têm que tratar com cautela essas questões e temos o Gabinete do Secretário tratando pessoalmente  dessa questão, vendo, averiguando e, se afigurada alguma dificuldade, algum equívoco ou algum problema, deve ser, como nos casos precedentes, resolvido.

Quero, também, aproveitar para tratar, em pouco tempo, sobre o pronunciamento do Ver. Cláudio Sebenelo em relação ao funcionalismo. Mesmo que nós estejamos aqui, para alguns Vereadores, sistematicamente sendo lembrados de que devemos apenas tratar de questões municipais, no que trata a questão de salário, é impossível entrar nesse tema sem fazer comparações entre política salarial do Governo Federal, Estadual e Municipal. Sem fazer isso, seria absolutamente injusto e descabido fazer debate  sobre as mazelas e vicissitudes que todos os funcionários públicos estaduais, federais ou municipais sofrem hoje. Para dar exemplo, os federais estão há dois anos sem receber um único centavo de aumento. Essa é a situação que estamos vivendo, ou seja, me parece que o Ver. Cláudio Sebenelo deveria também auxiliar na melhoria das políticas salariais dos funcionários públicos municipais e agora levantar a sua voz também em relação aos gravíssimos problemas que também sofrem os estaduais e federais, sem nenhuma política salarial, sem nenhum aumento há mais de dois anos, quando recebem os salários.

Por último, o Ver. Cláudio Sebenelo foi pródigo em trazer questões à Pauta de hoje, o atraso do repasse para o pagamento nos hospitais. Sem dúvida, há problemas nisso, a saúde foi municipalizada recentemente, mas esses atrasos já foram bem maiores e estamos tentando resolver passo a passo. O problema já foi bem maior e, com certeza, com mais tempo dessa administração melhores ficarão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Prefeito Raul Pont solicita licença para estar ausente da Cidade de Porto Alegre, das 10h às 22h, do dia 1º de março, sábado próximo. (Lê:)

“Of. Nº 081/GP

 

Senhor Presidente:

 

Dirijo-me a Vossa Excelência para comunicar que em razão de viagem ao Rio de Janeiro, estarei ausente de Porto Alegre, das 10 horas às 22 horas, do dia 01 de março, sábado próximo.

Nesta oportunidade estarei participando da “Reunião dos Governantes das Nove Maiores Cidades Metropolitanas”, com ônus para esta Prefeitura.

Participarão desse encontro, junto com o Prefeito anfitrião, os Prefeitos de Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo e o Governador de Brasília, tendo como tema a Cidade e suas Regiões: áreas metropolitanas, realidades, desafios e perspectivas.

 

Ao ensejo, aceite meus respeitosos cumprimentos.

 

(a) Raul Pont,  Prefeito.”

 

Com a palavra o Ver. João Dib, em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que estou um pouco preocupado hoje, normalmente estou brabo, agora estou triste e frustrado, mas de qualquer forma vou dizer ao Ver. Cláudio Sebenelo, que tem o repertório, uma série de anotações, que eu também tenho uma definição de saudade. “Saudade é ponte que une o passado  e o presente”. É uma boa definição, é difícil definir.

Na realidade sou um homem de palavra, por isso  votei naquela Justificativa do Ver. Juarez Pinheiro, que eu quis alterar, portanto eu deveria concordar. Sinto-me frustrado e triste porque, de repente, as coisas estão  mudando nesta Casa, até fiz uma Questão de Ordem para que eu não me equivocasse, eu perguntei: o que foi votado? O Presidente respondeu-me que foi a Moção, ora se foi votada a Moção e apenas a Moção, nada mais havia para ser votado, o destaque se vota quando o conjunto todo foi votado e algo foi pedido destaque, essa não conhecia, mas como eu havia dado a minha palavra eu a respeitei. O Art. 179, do Regimento, diz: “A votação processar-se-á na seguinte ordem: substitutivo de correção com ressalva das emendas; substitutivo de vereador com ressalva das emendas, destaques ao projeto”. Quer dizer, votada a Moção, nada mais havia a votar, porque essa não foi votada, junto com a Exposição de Motivos. Mas como sou homem de palavra, e um dia aqui falei em Cervantes e “O Colóquio dos Cães”, um dos seus livros, eu disse que palavras não podem ser confundidas com latidos e eu não ia latir, assim confirmei a minha palavra, mas penso que não havia nada para ser votado.

Estou triste e frustrado, e não fiz uma análise mais profunda. Tenho a tranqüilidade de falar, porque sou o único dos trinta e três Vereadores que não preencheu todos os cargos de gabinete, mesmo assim sinto-me frustrado, porque há outros que têm mais do que os meus colegas, e  por isso estou triste. Claro que vou fazer uma análise mais profunda do que aqui está e farei um pronunciamento mais abalizado, com base em uma análise mais profunda. Inclusive, vou falar com o Ver. Gerson Almeida e com o Presidente que me propuseram uma conversa. Eu também sou de conversar, sou um homem de diálogo.

Estou profundamente angustiado e triste, porque a Prefeitura de Porto Alegre está gastando o seu dinheiro em “outdoors” na Cidade, convidando para a melhor liquidação do Brasil. Vou admitir que os publicitários façam a propaganda, mas a Prefeitura não pode liquidar o Brasil com o dinheiro do povo de Porto Alegre. São vários os “outdoors” espalhados pela Cidade, com a Prefeitura convidando para a melhor liquidação do Brasil. Eu não sei se chegou a se transformar em lei, mas tenho a impressão de que um dos Vereadores propôs que a publicidade de rua fosse em um Português correto, e se este é correto, a Prefeitura está querendo liquidar o Brasil, como está querendo liquidar esse moço com o vírus HIV. Mas não é o único caso da Prefeitura, onde há racismo. No DMAE quatro pessoas de cor são discriminadas. Eu recebi um telefonema ontem, e até fiquei em dúvidas, mas depois que discriminam alguém que tem o HIV, acho que discriminam também os que têm cor. Sou obrigado a acreditar nas pessoas que me telefonaram. Um deles na farmácia. Claro que não vou dizer que o Dr. Dieter tem culpa, porque as pessoas identificam quem discrimina. Então, nada de diferente, com relação ao moço com HIV.

 

O Sr. Gerson Almeida: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Fiz questão de subir à tribuna, em nome do Partido dos Trabalhadores, para esclarecer qual é a situação deste funcionário da SMOV. Parece-me que não é certo, nem isto, a Administração Popular ser caracterizada como discriminadora, especialmente de raça, ou por credo, ou por qualquer outra razão. Porque, exatamente, a Administração Popular, os Vereadores da Casa têm se notabilizado em criar, não somente leis, mas como fazer movimentos sociais contra isso. V. Exa. poderia, já que é uma pessoa séria, se tem algum caso, denunciá-lo formalmente, porque daí vamos tratá-lo, para ver se tem ou não razão. Agora, não jogar para cima.

 

O SR. JOÃO DIB: Ver. Gerson Almeida, não joguei nada para cima, até disse onde era. Que é isso Vereador! Aceito o aparte de V. Exa., mas vou continuar. Hoje, estou muito triste, realmente me sinto frustrado, porque, normalmente, sou brabo, e enquanto estou brabo, sinto-me forte, vigoroso. Hoje estou frustrado. Posso até me equivocar, mas a minha frustração se dá também, já que falo em SMOV, porque o binário da Av. 24 de Outubro com a Rua Eudoro Berlink foi implantado, quero ver na semana que vem como vai ficar, mas agora está funcionando, para mim é muito bom. A minha frustração vai na 24 de Outubro, porque, quando o Pref. Tarso Genro assumiu a Prefeitura, fui à Prefeitura e ele disse que dava para alargar a 24 de Outubro sem grandes gastos. Aí, a SMOV deixou fazer no passeio - agora, já estou começando a ficar brabo, já melhorei - umas 3 lojas. Depois de eu dizer, em julho de 93, que era irregular, e o Presidente continuou a me mandar pressionar, eu pressionei todos, e as três lojas foram feitas. E, documentadamente, depois de dar o habite-se, a SMOV autorizou a invadir o passeio e fazer as três lojas. Isso torna mais difícil o alargamento da 24 de Outubro. Vejam que, de frustração, de tristeza ... passou até um pouquinho da frustração, mas, Ver. Gerson Almeida, eu não brinquei com nada, apenas transmiti as informações que recebi, disse que era na farmácia, é só procurar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu vou me valer aqui do método “pot-pourri”, do Ver. João Dib, para tentar usar os meus oito minutos.

Iniciando o “pot-pourri”, é sobre esse tema denunciado por alguns Vereadores e que diz respeito a um funcionário da SMOV. Eu gostaria apenas de trazer para o Plenário algumas informações que aprendi em uma situação semelhante e que tive que vivenciar no ano passado, em 1996, quando uma funcionária da Carris passou por uma situação que, em grande medida, é semelhante a essa que está sendo citada neste momento.

Duas informações me parecem importantes de socializar para aqueles Vereadores que estão se envolvendo mais diretamente com esta questão, para que eles não incorram no mesmo dilema que, naquela oportunidade, nós incorríamos para resolver o problema, que acabou sendo, naquela época, resolvido através de uma negociação que culminou com a reintegração daquela funcionária à Empresa.

A primeira informação é a de que não existe nenhuma lei que garanta ao servidor público, que, na sua condição de ser HIV positivo, ele esteja imune a qualquer tipo de regulamento que rege a relação entre empregado e empregador. Em regra geral, também o servidor está subordinado a essas regras. Evidentemente, a não ser no caso em que a situação de saúde desse funcionário já o esteja colocando em dificuldades para desempenhar sua própria função. Fora disso, ele teria, portanto, tendo que cumprir a jornada, tendo que cumprir as funções em termos de produção para a tarefa que ele exerce, etc. Aliás, essa informação foi surpresa para mim na época, porque eu tinha uma opinião exatamente contrária, tinha a mesma opinião que, por exemplo, hoje tem o Ver. Hélio Corbellini. Essa é a opinião também do GAPA - Grupo de Apoio e Prevenção da AIDS, que é uma ONG que se notabiliza aqui em Porto Alegre pelo seu trabalho voluntário na área de prevenção, informação e acompanhamento ao portador do HIV. Naquela época, inclusive, entramos em choque com essa orientação do GAPA.

A segunda informação é a seguinte, Ver. Carlos Garcia: nesse caso, é a mesma situação do funcionário da CARRIS que, aliás, só deu conhecimento para a empresa da sua condição de ser portador do HIV positivo, depois de demitido. Não há nenhum registro, ao que conste, na época. Na CARRIS não tinha, no setor médico da empresa, nenhum registro que comprovasse a sua situação de HIV, portanto, evidentemente, agora nós teremos que ir para uma outra circunstância, ter que apelar ao Poder Público Municipal para que não decrete a morte empregatícia desse funcionário, porque uma vez tornada pública a sua condição de HIV positivo, dificilmente esse funcionário terá acesso ao mercado de trabalho. Então, é com esse tipo de relação que teremos que ter cuidado, nesse momento, porque a CARRIS já teve que bancar um procedente em nome do Direito Universal dos Direitos Humanos. Mas, evidentemente, que a situação poderia ter sido melhor solucionada. Nesse caso, me parece, estamos enveredando para a  mesma situação. Parece-me que a empresa deve pedir a esse funcionário - não pode abrir mão de um direito -, é que a empresa indique, de livre acordo, um laboratório para que seja feito um novo teste de HIV, e que não seja aceita tão-somente a informação do funcionário, pois sabemos que, às vezes, não são todos os laboratórios que têm condições de nos dar um resultado pleno sobre esse teste.

 

O Sr. Carlos Garcia: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou lhe passar às mãos cópia do material que recebemos ontem, mas primeiro, foi feito um exame, está constatado através de documentação. Além disso, foi feita uma Sindicância, por parte da própria e não houve um fator conclusivo quanto à sindicância, porque ela foi interrompida. E o período em que ele faltou por mais tempo foi de 28 dias consecutivos. Aí, ele foi pressionado e foi quando ele fez questão de colocar que era portador e levou a sua documentação. Após isso, foi solicitado que ele  deveria se encaminhar ao INSS. Ele sentiu que não deveria ir porque achava e acha que tem condições plenas de executar a sua tarefa. Só que ele começou a ser discriminado.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Eu sei, nada impugna a informação que eu tentei passar a V.Exa. A empresa não tinha conhecimento da sua condição de portador do HIV e, em segundo lugar, pelas informações que se tem, o funcionário não estava cumprindo a sua relação de empregado-empregador. Esse é o problema. Portanto, não é pelo fato de ele ser portador do HIV que nós  vamos abstrair da responsabilidade que ele tem do cumprimento desta relação, considerando que, evidentemente poderia estar com a sua saúde abalada em razão desta condição. Mas isso não era do conhecimento da empresa.

 

O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. JOÃO MOTTA: Ver. Pedro Ruas, eu peço que V. Exa. seja breve, porque este não era o tema que na verdade, eu tinha preparado para falar.

 

O Sr. Pedro Ruas: Não era o tema, mas V.Exa. entrou neste tema, ele é muito importante.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Eu não lhe dou aparte. Tenho apenas um minuto. Eu pedi educadamente que V.Exa. fosse breve, mas V.Exa. retrucou, portanto, eu tenho o direito de lhe dar o mesmo tratamento V.Exa. me conhece há 4 anos e sabe que sou um Vereador que, pelo menos, tenta e se esforça para ser educado e atencioso com todos.

Eu concluo para anunciar que pretendo voltar numa próxima oportunidade para fazer um pronunciamento em memória do antropólogo, político, educador e escritor Darcy Ribeiro. Quero registrar que tenho um farto material, tive o cuidado de fazer esta pesquisa. Contei com a assessoria e o acompanhamento de companheiros  que têm militância política no mesmo partido do antropólogo Darcy Ribeiro, os companheiros do PDT, que me auxiliaram nesta pesquisa e, em respeito a esta militância política, eu vou fazer questão de, num tempo integral, fazer um pronunciamento como forma de homenagear esta grande figura política e este grande cidadão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra, 8 minutos com V. Exa. e são permitidos apartes.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho dois assuntos que me trazem a esta tribuna: um é a questão da terra e o outro é uma denúncia que quero fazer.

Nesse início de 1997 a questão da terra e a questão do teto estão eclodindo em todo canto e com uma dramaticidade, uma dimensão nunca vista. O fenômeno da concentração da propriedade no campo tem o seu lado mais explícito na questão do latifúndio improdutivo, assim como na cidade ele se expressa na questão do vazio urbano. Reforma agrária e reforma urbana são, portanto, as faces  de um  mesmo desafio histórico. O fenômeno sociológico dos sem-terra podemos equiparar ao fenômeno sociológico dos sem-teto, são a versão rural e urbana do problema da concentração da propriedade e da desobediência à função social da propriedade que é amplamente garantida na Constituição Federal e também na LOM.

Em Porto Alegre  temos, até  o momento, conhecidas pela CUTHAB, 6 ocupações ocorrendo, com Liminar de Despejo já fornecida pelo juiz. A do Parque dos Maias, da Marques Gueis, da N. Sra. Aparecida, da João Pessoa, da Juliano Moreira, da Vila Esperança e da Glória, envolvendo cerca de 2 mil pessoas que já  estão com a Ordem de Despejo decretada. Infelizmente, o problema não para aí! Já temos notícia de que outras tantas áreas ocupadas em breve se encaminharão  para o mesmo desfecho.

A demanda habitacional reprimida, no nosso modo de ver, se assemelha, hoje, a uma grande represa cujas comportas estão começando a se romper. Cada operário hoje, basta observarmos isso na periferia da cidade, é obrigado a camuflar o déficit habitacional, abrigando algum parente, algum amigo, filho ou vizinho no fundo do seu quintal. Aliás, o operário, hoje, não tem mais quintal no seu terreno.

Isso ocorre devido a uma questão estrutural relacionada com as peculiaridades do nosso desenvolvimento, ou melhor, do nosso crescimento urbano desornado, anômalo, que fez  com que, nos últimos 50 anos, a população urbana passasse de 30% para quase 70% da população brasileira. Também é decorrência da política habitacional levada a efeito neste País nos últimos anos, ou da sua inexistência.

A política habitacional no Brasil foi sempre descontínua e descomprometida com a questão social, especialmente com relação  aos  excluídos  do mercado formal de trabalho e, não raro, uma política marcada pela corrupção e pelo clientelismo, infelizmente, que assinalaram e assinalam a cultura política,  deste País.

O milagre brasileiro na década de 70 financiou empreendimentos privados para a construção de grandes conjuntos habitacionais, boa parte desses conjuntos inacabados, como é o caso do Parque dos Maias, do Conjunto Fernando Ferrari, do 11 de abril, em Alvorada.

Em 1991 foi liberado parte do Fundo de Garantia, resultando em 100 mil  unidades inacabadas, porque houve a falência decretada das empresas e as conhecidas improbidades administrativas do Governo Collor. O Governo Fernando Henrique Cardoso elaborou novos programas, mas, mais uma vez, o discurso foi muito além da prática.

Se pegarmos como base o ano de 1995, foram liberados 2,8 bilhões do FGTS, mas somente foram contratados , efetivamente, 800 milhões.

No Estado, a situação não é diferente, pois a simples extinção da COHAB, infelizmente, não estabeleceu uma verdadeira  política habitacional, com o Fundo de Desenvolvimento Social - FDS, continuando sem recursos orçamentários, como os nove milhões previstos para 96, apesar da forte pressão do Conselho Estadual de Habitação da FAMURS.

Isso é mais grave no momento em que o neoliberalismo desmonta o estado, atingindo  duramente  as políticas sociais, entre as quais está a habitação. Utiliza e deturpa o discurso da municipalização. Desmonta as políticas em nível federal, fecha órgãos, sucateia  e vem com o discurso de que vamos municipalizar  e atira as responsabilidades para cima dos municípios.

No caso da habitação é fundamental que o município, onde o problema eclode, tenha uma política que parta do reconhecimento da sua  responsabilidade, enquanto parcela do estado e nós vamos, como Vereadores estando dentro da CUTHAB, batalhar para isso. Nós achamos que o município tem que reconhecer, e  partir desse patamar de sua responsabilidade, pelo destino dos sem-teto, mesmo nos casos de ocupação de área privada. Deve fazer, no mínimo, um  acompanhamento do destino desses sem-teto, dando-lhes assistência. É fundamental que o município, a partir daí,  busque alternativa de parceria com os próprios movimentos sociais? Para quê? Para pressionar as outras esferas do poder, no caso o Estado e a União, para que, a curto prazo, assumam as suas responsabilidades e destinem  recursos para o município poder atacar essas emergências. Mais do que isso, que esta pressão sirva para que a médio prazo forcemos o governo do Estado e da União para que, efetivamente, façam uma política de habitação.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, o Ver. Lauro Hagemann cede o seu tempo a V.Exa., V.Exa. dispõe de mais oito minutos, com a aquiescência do Ver. Juarez Pinheiro.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. José Valdir, eu queria me congratular com a lucidez do seu pronunciamento, com a preocupação com esse gravíssimo problema brasileiro da moradia que não é de hoje, é de muitos anos, e de todo o tempo da República brasileira. Desde que os escravos saíram de suas senzalas e foram jogados nas favelas, até hoje nós temos esse problema grave de moradia brasileira. Há a preocupação do Governo Federal em resolver esse tipo de problema lançando programas, um atrás do outro: são dois - agora vai sair o terceiro -, em busca da municipalização do problema da moradia e do aporte de recursos para a solução de problemas de moradia no Brasil. Quero me congratular integralmente com o brilhantismo e a oportunidade do seu pronunciamento.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Vereador, de nossa parte nós vamos, aqui, como Presidente da Comissão e Vereador, defender - já coloquei isso no dia em que fizemos a abertura da CUTHAB - intransigentemente a autonomia do Legislativo. O nosso papel mesmo sendo Vereadores de situação, é de mediação dos conflitos, mas também vamos fazer aquele discurso - muitas vezes os Vereadores, aqui, acham que estamos querendo desviar o assunto, não é - de cobrar também a responsabilidade das outras esferas estatais sobre os problemas como esse. Problemas sociais dessa natureza, como abordei aqui, têm origem histórica, têm origem estrutural e também origem conjuntural por todo esse desmando nos últimos anos na política habitacional deste País.

Mas Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há um segundo assunto - por isso pedi o tempo do Ver. Lauro Hagemann - que me traz à tribuna: quero fazer uma denúncia que considero da maior gravidade.

A Cidade está sendo inundada por uma propaganda, um “outdoor”, do Supletivo Monteiro Lobato, que faz parte do Sindicato Patronal. Esta denúncia está sendo trazida pelo Sindicato dos Professores, sobre uma propaganda que ofende a consciência democrática de qualquer cidadão. Acredito que os próprios Vereadores devem se posicionar contra isso. A propaganda é explicita por si mesma, traz a foto de uma jovem e diz: “Puxa eu só queria um pouco de respeito dos professores”. No meio da notícia, fala ainda: “Nenhum professor, nenhum diretor me estendeu a mão”. Esse tipo de propaganda é, na verdade, um ataque indiscriminado a uma categoria profissional. Ela trabalha com um grau de generalidade que desmerece uma categoria profissional. Nós sabemos que essa categoria tem lutado em todo o País, não importa se são professores estaduais, municipais, federais ou do ensino particular, eles têm lutado para aperfeiçoar ou para impedir a derrocada da educação neste País. Inclusive, muitas das conquistas que tivemos, em termos de democratização da escola, em termos de avanços pedagógicos dentro da escola, deve-se à categoria dos professores, à sua luta. Em muitas dessas lutas os professores foram pioneiros e depois a sociedade apropriou-se das lutas e conseguiu, muitas vezes, escrever na Constituição Brasileira algumas conquistas na área da educação. Nós não admitimos esse tipo de matéria, esse tipo de propaganda e acredito que a Câmara de Vereadores tem que tomar uma atitude. Posteriormente, vou apresentar uma Moção para que a Câmara se posicione contra esse tipo de ataque a uma categoria profissional, na qual certamente, como em qualquer outra categoria, existem maus profissionais.

A outra questão é que esse tipo de propaganda trabalha com senso comum e com algo que os últimos governos têm feito muito em relação ao funcionalismo e que o neoliberalismo é campeão de fazer, que é de procurar desmerecer o funcionalismo e responsabilizá-lo pelos desmandos neste País, pela falta de política e jogá-lo contra a opinião pública, e desqualificar a escola como um espaço de construção de conhecimento. E nós, da Câmara de Vereadores, devemos repudiar veementemente esse tipo de propaganda.

 

A Sra. Maria do Rosário: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de concordar com V.Exa. e sugerir que entremos em contato com o Ministério Público para que essa propaganda não se mantenha, pois acho que atinge fundamentalmente a juventude, as crianças e adolescentes, porque ela trabalha com o desmerecimento da escola formal buscando capitalizar alunos para um tipo de escola que prevê o abandono da escola formal. Os cursos supletivos são compostos por alunos  que deixam a escola formal e fazem em bloco as séries  num curso que utiliza contrariamente os interesses dos professores e dos alunos. Por isso acho que não pode ser incentivado como está sendo feito aqui, pois é um desmerecimento da instituição educacional deste País, da escola pública e particular.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Para concluir, Sr. Presidente, acho que trabalha com a negação da escola como um espaço de construção de valores éticos. Esse tipo de propaganda mostra bem o conceito de educação que está por trás. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de dar a palavra ao Ver. Juarez Pinheiro quero apresentar o brilhante arquiteto de Honduras, Victor Quadra Burlero. Está acompanhado de sua senhora D. Benina e de seu filho Vítor, que estuda no Brasil. Foi meu colega de turma entre 1960 a 1965.

O Ver. Juarez Pinheiro cede seu tempo ao Ver. Antônio Losada.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a minha vinda a esta tribuna é para registrar um fato relativo à relação salarial entre funcionários do IBGE e este órgão. No início de janeiro vários funcionários em Comissão, contratados pelo IBGE para desenvolver o CENSO de 1996, juntamente com a posição do Sindicato dos Trabalhadores dessa categoria, reivindicavam simplesmente o pagamento dos salários correspondentes às tarefas desenvolvidas por esses funcionários junto ao IBGE. Nós, juntamente com o Sindicato, fomos à imprensa e denunciamos essa falta de pagamento. A direção do IBGE respondeu de uma forma até irresponsável, dizendo que havia pago, que podia estar ocorrendo uma falta, ou outra, entretanto hoje a grande imprensa publica que os 6200 funcionários do IBGE estavam recebendo os salários correspondentes às suas tarefas. É vergonhoso o descaso de um órgão público para com os seus colaboradores que são verdadeiros heróis anônimos, são pessoas que, no pleno exercício de suas atividades profissionais, não são respeitadas naqueles direitos primários correspondentes a salários que lhes possibilitam a sobrevivência de suas famílias. Queremos nos congratular com a vitória do sindicato nessa conquista, queremos também encaminhar uma crítica violenta, veemente ao IBGE no sentido de um órgão federal, público ter mais responsabilidade com o pagamento dos seus funcionários já que vivemos uma crise conjuntural e estrutural de difícil superação.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) O IBGE não paga os seus servidores, o IBGE fez uma pesquisa recentemente, em 1996, para verificar o prestígio do Presidente Fernando Henrique Cardoso e a possibilidade de reeleição. Foi uma pesquisa paga com dinheiro público, para um partido político. Aproveito para fazer essa denúncia, quer dizer, não paga os servidores, e faz uma pesquisa para verificar prestígio do Presidente gastando dinheiro público, isso é crime.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Agradeço o aparte. Poderíamos desenvolver nesse momento vários temas relativos à violência contra as crianças nesta Cidade e neste País. É uma vergonha o que vem ocorrendo com relação ao tratamento que os órgãos de repressão vêm desenvolvendo em cima de menores, de crianças. Não é possível que a criminalidade, ainda que infantil, seja respondida pelos órgãos responsáveis pela segurança pública, responsável pela harmonia, com violência a atos praticados por elementos que estão à margem da sociedade, excluídos em razão das próprias relações estabelecidas por esse sistema em que vivemos.

Há o problema do desemprego, da prostituição infantil, precatórias e títulos públicos, habitação, teto, como em muito boa intervenção coloca o Ver. José Valdir. Há  problema de terra neste País continental. Nós lutamos por essa Reforma Agrária e esse que vos fala, desde 1946, 47. Quando há grande movimentação social, quando os trabalhadores sem-terra ganham as ruas, se mobilizam para reivindicar um pedaço de chão, de terra para produzir, são esmagados violentamente pela repressão. Quando vivemos num País de dimensão continental, um País que tem a possibilidade de abrigar, de distribuir terra para todos os seus habitantes.

Sr. Presidente, nós queremos fazer um rápido comentário sobre esse episódio da SMOV. Nós temos conhecimento da assistência médica que presta a SMOV durante a jornada de trabalho, há  assistência social durante toda a jornada, uma assistente social que percorre a casa dos funcionários, com a disponibilidade de carro. Então, nos surpreende essa denúncia que foi feita com relação a esse funcionário aidético. Entretanto, nós que acompanhamos o trabalho daquele setor de saúde, do setor de assistência social dentro da SMOV, não poderíamos nos omitir de defender aqueles funcionários que exercem aquela função de cuidado com as enfermidades dos trabalhadores, com tanto cuidado, com tanto apreço. Essa denúncia nos surpreende.

Quando completa o nono aniversário da morte do nosso querido Glênio Peres, quero registrar uma qualidade desse homem que não foi aqui registrada. Durante os seis anos em que dezessete presos políticos permaneceram no presídio central, na Polícia Federal e no DOPS, o companheiro Glênio Peres, durante esse tempo, periodicamente, visitava este presos prestando solidariedade, ajuda às famílias e aos próprios presos que, na maioria, eram operários, não tendo condições de sobrevivência, nem no próprio presídio. Não recebiam os direitos da Providência Social, porque a repressão tirava a possibilidade documental desses presos receberem o devido auxílio que a Previdência Social faz a todos os presos que são recolhidos, sendo impedidos de trabalhar. Mas como se tratavam de presos políticos, esses não recebiam aquele direito que os presos comuns recebiam, e durante esse longos anos, Glênio Peres foi de uma solidariedade, de um humanismo que transcendia às picuinhas e diferenças entre os partidos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada, por modéstia, ou por outras precauções, não disse que ele era uma das pessoas que passou no presídio, longa data, sofrendo o exílio obrigatório da prisão.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para Comunicação de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero agradecer ao Ver. Fernando Záchia que me possibilitou falar, exatamente, neste instante, ficando para se manifestar logo após, em Liderança.

Ouvi uma série de discursos desta tribuna com os quais eu concordo em parte, porque eles continuam sendo incompletos. Os Vereadores petistas vieram a esta tribuna fazer uma pregação contrária ao Governo Estadual, dizendo da política utilizada pelo Governo Estadual que está despejando algumas pessoas, e citando inclusive moradores da Vila Juliano Moreira. Eu me solidarizo com o pronunciamento do Ver. José Valdir neste tocante, porque também sou contrário a que pessoas que não tenham para onde ir sejam despejadas. Mas faltou o outro lado da verdade. No caso, por exemplo, da Vila Juliano Moreira - eu que acompanho isso há muito mais tempo que o Ver. José Valdir -, existiu  uma negociação com a Associação de Moradores da Vila que levou os moradores a permanecerem no local, até que o Governo do Estado possa construir habitações para os mesmos. Ficaram fora dessas negociações nove famílias que, de acordo com o levantamento sócio-econômico, têm condições de sair da Vila e morar em outro local. Fomos em defesa dessas nove famílias, porque o levantamento sócio-econômico não expressou a realidade, e algumas dessas famílias não têm condições de sair dali no momento. Pedimos que elas recebam o mesmo prazo que as famílias que vão esperar pelas casas que serão construídas pelo Governo do Estado. Mas o Ver. José Valdir ainda omitiu um outro lado da questão, com relação a essas ações de despejo. Ele esqueceu de citar que o Governo Municipal começou a despejar, nesta semana, 25 famílias daquele loteamento da Cavalhada. Quando eu citei aqui esse despejo que está sendo processado pelo Governo do Município eu ouvi em aparte que o Governo do Município estava apenas cumprindo a legislação - e uma legislação que tinha sido votada por esta Casa. O que significa isso, Ver. Pedro Américo Leal? Significa que se os outros governos e os outros partidos agem dessa forma, como aquela anunciada pelo Ver. José Valdir, é porque na verdade, eles são governos neoliberais, são governos que, na verdade, não têm nenhum compromisso com a população. Enquanto que quando o governo petista age da mesma forma, age como governo legalista: tem que seguir a lei. Ora, se é um governo legalista, ele tem que seguir a lei em todos os momentos. Ele não pode seguir quando lhe interessa e quando não lhe interessa ele não segue mais.

É por isso, Ver. Pedro Américo Leal, que eu fiz aquela cobrança, que eu iniciei a fazer e vou continuar fazendo, sobre uma lei que existe no Município e que obriga as escolas municipais a ensinarem  as crianças a cantarem o Hino Nacional Brasileiro. Essa Lei não é cumprida pelo Município. Por que não é cumprida? Por que no momento de cumprir uma lei que vai fazer com que a criança seja ensinada, com relação ao Hino Nacional Brasileiro, essa Lei não está sendo cumprida?

Existe uma outra lei, Ver. Pedro Américo Leal e Ver. Fernando Záchia, que está hoje estampada no jornal, numa manchete muito bonita, com o meu amigo Adeli Sell participando desta matéria, a respeito da lei com relação à propaganda nos táxis. Ora, é uma lei  que foi aprovada por esta casa, foi sancionada pelo Governo Municipal e não é cumprida, é com relação à sua regulamentação. Sabe por que o Governo não regulamentou quando era obrigado a regulamentar? Por uma questão muito simples: no momento de escrever a regulamentação o funcionário da SMT, Mauri Cruz, fez uma sugestão de que, em cada carro para a qual fosse liberada aquela publicidade no teto, o carro pagaria para o Município a quantia de 56 reais. A categoria achou esta quantia anormal, achou que com isto não conseguiria sobreviver, a lei não teria nenhum tipo de efeito e, por isto mesmo, sugeriram que a Prefeitura Municipal buscasse uma outra forma de regulamentação. Mas, eis que a Prefeitura, ao invés de regulamentar essa Lei de uma nova forma, Ver. Pedro Américo Leal, resolveu não regulamentar e mandar o processo para a SMAM, que deu um parecer que esse tipo de publicidade estaria poluindo o meio ambiente. Veja só, V. Exa., ou os motoristas de táxi pagam uma quantia desleal e injusta para Prefeitura, ou então não conseguem colocar a propaganda em seus veículos porque vão poluir o meio ambiente.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Posso garantir que daqui a pouco falarei com o Secretário Ederaldo, que está querendo resolver esse problema.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Muito obrigado, Ver. Adeli Sell.

 

O Sr João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O que acho estranho, nobre Ver. Luiz Braz, é não ter regulamentado os táxis, mas terem pedido, por parte do Executivo, para fazer a propaganda nos ônibus.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Exato, e V. Exa. está lembrado de que, naquela mesma Lei, que deu direito aos ônibus e aos táxis-lotações de colocarem a propaganda, nós colocamos uma Emenda para que os táxis também pudessem ser beneficiados. E, muito embora a lei mande regulamentar - deu um prazo para a regulamentação -, o que aconteceu? O Executivo resolveu regulamentar uma parte da Lei, e deixar a outra parte, que é alusiva aos taxistas, de fora. Acho que nós temos é de fazer com que a linguagem aqui, no Plenário, seja uma linguagem da verdade, uma linguagem de justiça e não uma divergenciação com a verdade, porque fica impossível o diálogo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de sexta-feira, à hora regimental.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h53min.)

 

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